2013 foi um ano de boa colheita. Not easy lá pelo meio, mas a new child was born. E eu, que nunca achei grande graça a miúdos (ainda não acho, para dizer a verdade, e não consigo dar-lhes atenção mais do que cinco minutos seguidos porque acho sempre que há coisas bem mais interessantes para fazer) acabei apaixonada por este ao primeiro olhar. O meu filho digo - ainda que a palavra filho e a palavra mãe se me enrolem na língua, como vocábulos de um léxico que ainda estou a aprender - quando na verdade não é meu. É triste, mas é verdade e meu ego tem de aprender a viver com isso. É meu para amar, mimar, adormecer, calar o choro, brincar, falar, contar historias e proteger, o que é possivel proteger, porque crescer também é entrar em confronto com o mundo, com os outros, consigo próprio, e de isso ninguém pode proteger, mesmo que alguns tentem como se fosse possível deixar de fazer a terra rodopiar em redor do seu eixo, e lá acabava a vida na terra porque ainda não se inventou forma desta existir sem dia e sem noite. Mas este bebé não é meu. Não é meu para decidir baptiza-lo, para fazer dele sócio do Benfica ou de outro clube qualquer, para lhe criar um perfil no facebook (quanto muito espero que ele me perdoe um dia as fotografias que partilhei dele na minha página), nem para decidir que vai fazer natação, ioga ou outra merda qualquer, nem para assinar em seu nome mensagens de aniversário, nem para decidir se ele vai gostar de mulheres ou de homens quando crescer. É ele, só ele, desde o primeiro choro, ou desde o momento da concepção, desconheço qual dos dois, um enigma que se decifra a cada dia, se houver no olhar essa intenção, porque só deciframos o que queremos decifrar, porque só vemos até onde as nossas crencas e expetativas nos deixam ver, mas que nunca será isento do seu próprio mistério, nunca será um livro aberto, porque ninguém é um livro aberto, muito menos para os pais. Nada disso interessa. Esse é o maior dos desafios. O que interessa unicamente é que ele está aqui e que eu o amo e que rimos os dois e que conversamos numa língua inventada no país dos bebés e que quero olhar todos os dias para ele. Para ele. Não para o 'meu' filho. Esse não existe a não ser na aspiração humana de posse e controlo, que tolda o olhar e o simples ato de amor.
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