Morreu o Eusébio. Eu gostava do homem, tanto quanto é que possível gostar de quem não conhecemos. Não sendo adepta de futebol por aí além, gostava de ouvir o meu avó falar do jogo contra a Coreia. Se calhar por isso é que gostava do homem, mas isso agora não interessa nada. O que acontece é que o Eusébio morreu e aí estão as televisões nacionais, que se debruçam, se agacham para ser mais precisa, sobre a notícia. Noticia é que o Eusébio morreu. Noticia é recordar os marcos da sua carreira. Notícia é a fila que se formou à porta do estádio da Luz, incompreensível que seja para alguns. Notícia não é mandar um jornalista para a porta do estádio de Wembley entrevistar ingleses à força, fazendo perguntas como 'a morte de Eusébio é uma perda para o futebol mundial, não é?'ou 'os britânicos estão devastados com esta morte, não estão?' Noticia não é ir a um café em Bruxelas para mostrar como meia dúzia de portugueses a beber a bica sentem a morte de Eusébio. Notícia não é colocar figuras públicas, que conheciam o homem tanto como eu, a fazer declarações sobre a figura do futebolista. Notícia não é entrevistar duas centenas de pessoas no estádio da Luz (sim, dizem todas a mesma coisa), nem espetar com o microfone no senhor que lhe servia o pequeno almoco. Já muito se falou dos media e da banalização do mal. O problema é que não estamos apenas a falar da banalização do mal. Estamos a falar da banalização da morte e, em última análise, da banalização da vida.
É curioso ter encontrado este artigo. Publiquei uma crónica há minutos antes sequer de ter lido este texto. Cruzando aquilo que eu escrevi com aquilo que leio neste artigo, é impressionante as semelhanças entre ambos. Convido-a a ver com os seus próprios olhos: http://idealizando-textos.blogspot.pt/2014/01/a-banalizacao-da-morte-de-eusebio.html
ResponderEliminarConcordo com tudo o que li. ;)
Ainda bem que seguiu a minha sugestão. Segui o seu blogue e vou começar a receber as atualizações. Obrigado ;)
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