Um amigo meu é seguido há anos por uma psiquiatra. Ora esse meu amigo tem um problema de falta de auto-estima a nível físico que foi, em parte, o que o levou até às mãos desta credenciada profissional de saúde. Imagine se então a incredulidade face ao diálogo da última consulta:
Psiquiatra (P): vê se logo que você está muito melhor, muito melhor! Fez um implante capilar, não fez?
Doente (D): não... não fiz... deixei simplesmente crescer o cabelo...
P: ah, então você não usava o cabelo rapado porque era careca? Mais grave ainda! Era mesmo uma opção. Mas está a ver como está melhor agora? Está com bom aspecto, está giro...
D: pois, mas isso quer dizer que antes...
P: Antes não estava bem, não. Aquele cabelo não lhe ficava nada bem. Parecia um serial killer. Agora sim, está a chegar a algum lado... não tarda arranja namorada e tudo...
D: Mas a doutora sabe que eu tenho um problema em aceitar-me tal qual sou, trabalhei em imensas sessões com a minha terapeuta para conseguir compreender isso e agora o que a doutora está a dizer-me não ajuda muito. Quer dizer que antes eu era feio, é isso? Que eu tinha motivos para não gostar de mim?
P: só estou a dizer que agora está mais bonito, afinal sou médica mas tenho olhos como as outras pessoas e olha-se para si e vê-se que está melhor. Não tarda já tem alta e nem precisa de voltar cá. Ainda pode ficar melhor, mas não está nada mal, não... é só ganhar mais uns quilos, fazer um pouco de musculação porque você é para o magrinho e a coisa compõe-se... até eu, se não fosse casada, dava uma voltinha consigo, ai dava dava.
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