quarta-feira, 28 de março de 2012
Deixem-se de merdas: este é o país que merecemos
Deixem-se de merdas porque temos exatamente, sem tirar nem pôr, aquilo que merecemos. Temos os políticos, o governo e a oposição que merecemos e as políticas que são mais do que merecidas. O estado da Economia e das Finanças está em perfeita cadência com as nossas mentes mesquinhas e o sistema nacional de saúde anda alegremente de mão dada com a apatia congénita que imbui todas as células do nosso corpo, enquanto os níveis de desemprego e os baixos salários namoram à viva força com o nosso gostinho por um bom cozido à portuguesa e agora não quero pensar no assunto. O preço dos transportes e da gasolina combina com a velocidade ultra-sónica com que dizemos amém a qualquer terráqueo com um cargo. Fodam-nos à força e à vontade porque nós deixamos. Ok, ok, fazemos beicinho, dizemos num sussurro, ai, está a doer, mas essa é a resposta possível a quem lá do alto do pedestal decide dos nossos destinos. A liberdade é boa demais para nós. Nem sequer estamos à altura do L, quando mais de uma palavra de quatro sílabas e um história de conquista do espírito humano por detrás. Hoje, quando uns senhores engravatados discutam no parlamento uma coisinha de nada, chamada nova lei do trabalho, que por acaso nos vai ao bolso, aos direitos, ao respeito que merecemos enquanto seres humanos, estamos aí, nas nossas vidinhas insonsas, a fazer queixinhas do marido porque deixa a tampa da sanita aberta e do vizinho que não apanha os cagalhões do cão de frente do prédio, e da criancinha que agora quer um iphone aos sete anos e da receita que experimentaram na bimby para poupar dinheiro e levar lancheira. E enquanto andamos entretidos com os nossos pequenos nada, eles votam, aprovam e aí estamos nós, com a lei do trabalho que realmente merecemos. O universo é justo. Porque sair à rua, protestar, lutar pelos nossos direitos é coisa que não assiste ao nosso povo, nem lhes passa pelo cabeça oca que essa é uma arma que assusta quem está lá no parlamento, agarrado ao poder como um viciado à branca. Mas isso tudo dá muito trabalho.
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