Há algo profundamente deprimente no Carnaval em Portugal. De norte a sul. Para começar as pessoas são, na maioria, feias.Têm muitas delas os dentes tortos - ainda não fiz um estudo estatístico, mas tenho a certeza que deve rondar os 90% - e uma predominância abdominal de meter em sentido qualquer grávida de nove meses. Depois, aquilo tem tudo um ar mal enjorcado: as roupas, as cabeleiras, a pintura, tudo é feio, sem graça, sem brilho, como a encenação de revista de um teatro numa cave de Massamá. Também é característico que, nestes dias de 'folia', se dê livre trânsito à mania nacional dos machos - sim, sempre aqueles que nunca fizeram depilação na vida e papavam a Angelina Jolie de trás e de frente, ao mesmo tempo, porque afinal são super homens e têm duas pilas-, escondida o resto do ano, se vestirem de mulheres. Há uma obsessão dos gajos tugas com soutiens, vestidos tigrados, almofadas no rabo e principalmente saltos altos. Gostam de se apalpar uns aos outros e dizem alguns, os intelectuais -, que aquilo é crítica social. Só se for às dignas de respeito prostitutas do Cais do Sodré. E como se não chegasse, tem tudo um ar pobre neste Carnaval nacional: as máscaras parecem tiradas do caixote do lixo, feitas com os restos lá de casa. E o tempo não ajuda e lá a maquilhagem borra logo com a chuva e a celulite resplandece com a pele de galinha que se apodera das meninas 'sexy', com plumas no cu, a fazer coreografias pés de chumbo e que acreditam que mexer o rabo como a cauda de um cão é sambar. Nada brilha, nada é real, a não ser esta indisposição no estômago.
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