domingo, 2 de fevereiro de 2014

O facebook e o inconseguimento

O que é assustador não é o inconseguimento da Assunção Esteves (por amor de deus,  a mulher já é reformada e tudo e já chega o que os pensionistas estão a passar neste país). O que me mete mais medo é o inconseguimento do nosso país,  tudinho expresso,  esse erro gramatical, no sacrossanto facebook. O facebook é um repositório nacional de wannabe ou, falando em português parlamentar, de inconseguimentos. Há o aspirante a crítico de cultura no suplemento do Público ou do Expresso que tem sempre de impingir a sua opinião sobre o último álbum do Bon Iver ou o mais recente filme do Lars Von Trier, que é sempre, sempre bom, ninguém tem culpa que ele seja um incompreendido só porque decidiu meter a Charlotte Gainsburg a fazer fellatios durante duas horas. Há o candidato a dux de qualquer grupeta com putos com acne e cap à Justin Bieber, há o aspirante a Jamie Oliver ou, quanto muito, a Miguel Esteves (o apelido é mera coincidência) Cardoso, que escreve 500 caracteres sobre o pargo ou a punheta de bacalhau, sempre com a Maria João à mistura, e ainda é pago para isso. Há o recruta da literatura, qual Pedro Paixão a despejar postas de pescada sobre o amor e outras coisas que tal, a cheirar o próprio rabo em busca da definitiva metáfora. Há o aspirante a novo rico, que exibe as fotos das férias na neve com os filhos (e a mulher) desdentados e há o desejoso de ser o novo Marcelo Rebelo de Sousa, que salta a parte dos livros e aterra directamente no insulto, defraudado que está na capacidade argumentativa. Há a gordalhufa,  a boazona, a estrábico,  a nariguda,  a anoretica, a mamalhuda, enfim, os monos todos a exibirem-se em poses de rabo esticado e olhares à vaca Cornélia,  porque na verdade são the next top model e há sempre olheiros por aí,  nem que seja o tipo de blazer branco,  que as fode todos os sábados na casa de banho do Main.  A nossa presidente da assembleia da república é apenas uma versão socialmente reconhecida de aspirante a qualquer coisa, neste caso ao que ela lá entende como intelectualidade, sendo que é apenas loira, burra e capaz de enfileirar vocábulos de sete sílabas (alguns não existem, mas que se lixe) na peida como outros enfileiram nas filas da segurança social por culpa do seu partido. Nada de mais, nada de menos, Assunção Esteves está apenas na exacta medida da nossa pequenez.
É que afinal falamos muito, mas ninguém vai fazer uma trincheira no largo de São Bento,  certo?

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