sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

De velharias e outras cenas que tal

Com o passar dos anos, as mudanças de casa e de tempos, de estados de espírito e de amores, ou desamores, que no fim trabalha tudo para o mesmo, fui-me tornando adepta do travel light. Apesar de ter nascido na geração da cassete (pirata e não só), dos livros da Anita,  dos sete, dos cinco e da Patricia,  do vhs e dos álbuns de fotografias,  do Expresso pesado (espera, que isso não mudou)  e dos livros do patinhas,  de que gostava especialmente das edições especiais, de capa dura, confesso-me cada vez mais uma apaixonada pelo digital, talvez porque o vejo tão mais perto do básico.  A minha mente adere com simpatia à  ideia de se transportar quem nós somos, a música,  os livros, os papéis soltos e as imagens, sempre as imagens, num disco externo, uma coisita de nada com tetramegas de tudo, ou, melhor ainda, nem  transportar mesmo nada e andar tudo no espaço que imagino sideral, ancorado numa tal de cloud, ausente de espaço físico quem o contenha, fora as prateleiras e os sótãos e mais as arrecadações a que o povo português é tão aferrado, porque dá para guardar tudo e mais alguma coisa e nesse mais alguma coisa reside a atracção pela segurança de sermos o que temos e nunca se sabe quando aquela merda que ninguém quer vai dar jeito.  Mas a verdade é que se torna tão mais fácil (ou difícil?) o simples acto de ir. Sem pesos, malditos pesos e caixotes e caixotes e caixotes de quem fomos ou ainda acreditamos ser ou não queremos deixar de ser,  quando, na verdade, quando nos formos mesmo daqui para fora nada podemos levar de fora de nós.

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