segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Qual é a linha que separa?

Um destes dias dei por mim a cismar nisto,  à falta de algo melhor para fazer: qual é a linha (ya, a linha) que divide uma educação progressista da parte dos pais e uma criança simplesmente mal educada? Que nos coloca perante a saudavel natureza dos mais novos , que exploram o mundo como via para o desenvolvimento da sua criatividade, inteligência e aptidões sociais, e uns vândalos em inicio de carreira,  que gritam, choram, guincham, esperneiam, fogem e destroem, fazendo puré de batata da  palavra não?  Que distancia um ser criado em liberdade de movimentos e de brincadeiras de uma peste encartada capaz de colocar uma dúzia de adultos de rabo para o ar à procura do telemóvel topo de gama que deitou ao chão pela milionésima vez, sob o olhar orgulhoso da mãe que acredita ter ali um atleta olímpico de lançamento do dardo?

Até que ponto a uma criança se aplica a velha máxima 'a minha liberdade termina quando começa a liberdade dos outros'?  Nesse caso,  posso obrigar os outros a levar com a minha criança mal educada ou, conforme o ângulo, com o meu filho extraordinariamente activo, que está entretido a tentar comer as chaves do nosso carro, a trepar para a mesa onde está a nossa comida, a enfiar a mão,  ou o pé,  na nossa chávena, a esmigalhar o nosso bolo e a espalhar as migalhas por cima da nossa roupa?  Honestamente, duas horas depois, que  se lixe a criatividade,  a actividade exploratória,  a liberdade de movimentos,  só quero mesmo é beber o meu café em paz e nisto penso que, se me sai um daqueles na rifa, posso sempre recambia-lo o para um colégio interno, de preferência na Austrália,  para não ter hipóteses de vir a casa pelo natal torturar com a faca do queijo a irmã mais nova. O que não posso nunca é pensar algum dia que os outros têm de achar piada ou ter paciência para aquele tipo de comportamento. Tenho de renegar a crença generalizada de que, porque é criança,  tudo é tolerado.  Mas a verdade é que isso é uma mentira criada a beneficio dos pais, por aqueles que foram ou são pais, para assim poderem impingir as suas pestes aos outros a qualquer horas; mas a cruel verdade é que, tirando a mãe, o pai, os avós, eventualmente uma tia sem filhos e as fundamentalistas da maternidade, o resto das pessoas só sorri em tons esverdeados porque é bem educado: na verdade está a visualizar-se a dar uma boa palmada no rabo do nosso filho.

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