terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Django I love you

"I like the way you die". Isto é Tarantino.  A frase proferida pela personagem de Jamie Foxx, escravo em busca da mulher que ama, reduz e eleva o realizador, mais uma vez, ao estatuto de quem faz cinema de autor. Ninguém como este norte americano consegue pegar em todos os clichês dos últimos cem anos,enfiá-losna sua very personal bimby, em velocidade turbo, e servir um prato gourmet.  Desde a história de gangsters reavivada em Pulp Fiction, aos filmes chungas de kung fu glamorizados na dose dupla de Kill Bill, ao épico de guerra em Sacanas sem Lei, até a este momento em que nos trás Sergio Leone e um Clint Eastwood pretopara quase três horas de entretenimento inteligente, violentamente divertido, gore qb e com diálogos geniais, ou não fosse essa uma das marcas distintivas de Tarantino argumentista. Porque Django não é uma criação de Quentin, que reconheceu a influência dos filmes de Sergio Corbucci e do seu herói interpretado por Franco Nero, obras tão más que são boas. Trocam-se os mexicanos por pretos e o Django de olho azul por um Jamie Foxx retinto e faz se o milagre. Adiciona se um Christopher Waltz insuperável como dentista que se torna caçador de foras da lei, mercenário à séria e assassino frio e cruel, e ao mesmo tempo defensor da igualdade entre todos os homens, activista político sem o saber, capaz de reconhecer dignidade a um homem independentemente da cor da sua pele, e é essa mesma consciência que o trama no fim, quando estava a um passo de sair ileso da casa do senhor de escravos, e lhe espeta um tiro porque a imagem de um negro a ser despedaçado pelos cães não lhe sai da cabeça. Há um frio vilão, de apelido Candie, na pessoa de Leonardo DiCaprio, e o pior deles todos, o mais branco de todos, que por sinal é um negro, é papel que está reservado para Samuel L.Jackson, que terá como é lógico o mais duro dos fins, porque não há maior traidor do que aquele que trai os seus irmãos. O tempo é psicológico e o tempo deste filme em nada pesa. Tarentino mastiga fórmulas já feitas, mas não para extrair sumo de um caroço de limão. Antes serve uma laranjada fresca e adocicada como há poucas. Venha o próximo.


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