sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Voltando ainda ao tema da tia boazinha, ocorreu-me que toda a gente conhece alguém que 'vivia acima das suas possibilidades. E depois começa a enumerar os bens das tais ditas pessoas, era o BMW modelo tal, o Galaxy não sei das quantas, os sapatos Gant e o 'não é que eles foram todos para Punta Cana'?. Curioso é que pelos vistos ninguém conhece o casal com dois filhos que tem um carro com dez anos e um T2 na Cova da Piedade e que agora está sem emprego. Só posso achar que a nossa atenção se fixa mais no pormenor sórdidozinho dos detalhes de quem tem o quê do que no resto da malta, que vive de acordo com o que tem, que muitas vezes não chega. É inveja, gosto por maldizer terceiros ou o quê? É porque tomar alguns pela maioria só porque somos miopes não me parece muito correcto. Mas se calhar as dificuldades, a pobreza e a miséria são mais desagradáveis ao olhar do que o relógio novo, o jipe ou o iPad do vizinho. Gera-se um discurso simplista e desumano. Toma-se uma parte pela totalidade, polarizam-se posições, perde-se em humanidade.

1 comentário: