domingo, 11 de novembro de 2012

Coitadinho do Marcelo Rebelo de Sousa

A vida não anda a correr bem ao professor: os alemães cagaram, como já é norma, de alto para nós e não quiseram exibir nas ruas de Berlim a obra-prima do professor Marcelo, um filmezeco da treta qualquer que, de acordo com a verborreia do senhor, louvava os esforços e a alma lusa, a forma como fazemos frente à austeridade com nobreza e capacidade de sacrifício, destinado a tocar o coração de todos os alemães. Fiquei feliz pelos regime político alemão, geneticamente imbuído de uma lógica nazi - o nazismo surgiu na Alemanha e não noutro país qualquer porque as ideias de superioridade e hegemonia estão-lhes na massa do sangue - ter proibido a exibição por motivos políticos. Antes de mais, o meu conceito de dignidade repudia a necessidade de provar seja o que for a um povo que, pelo menos tecnicamente e por agora, ainda está em pé de igualdade connosco. Só a simples ideia mostra uma subserviência inaceitável, que apenas vai afundar o fosso entre os países de primeira divisão e os colonatos pobrezinhos. Quero eu lá saber o que os alemãs pensam ou não pensam de mim! Face a uma ideia inacreditavelmente redutora como a de Marcelo só podem pensar que somos uns pobres desgraçados que querem despertar a compaixão dos grandes e - numa lógica da qual o Estado Novo não fez mais nada do que promover durante quatro décadas - exibir a nossa capacidade de abnegação e sacrifício em nome de um bem maior, leia-se, pagar a divída a uns juros imorais simplesmente porque sim. Mesmo que seja a troco de um milhão de desempregados e milhares de crianças com fome. Se está é a estratégia do professor Marcelo Rebelo de Sousa, porque não falar com a senhora Jonet e organizar em entre eles, uma excursão dos nossos pobrezinhos para ser exibida nas ruas de Berlim? Em vez de um filme, uma performance! Davam-lhes umas roupas asseadas, umas sandezocas de fiambre em carcacitas  para o caminho e lá iam eles. Talvez acabassem  todos no circo, Marcelo e Jonet incluídos, como seres exóticos de uma realidade distante, com os alemãs a atirarem-lhes amendoins.

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