A marcha silenciosa foi só um sonho

Hoje tive mais um sonho completamente imbecil. Sonhei que, de repente, do nada, todas as pessoas saíam em silêncio das suas casas e da sua apatia e começavam a caminhar pelas ruas. Com um único destino: Massamá. Eram milhares e milhares e milhares de pessoas, que, sem trocarem uma palavra, porque o objectivo da marcha estava de tal forma presente no inconsciente colectivo que dispensava o verbo, que, ao chegarem lá, a essa terra não muito distante, mas onde morava o lobo mau que dava a cara por todos os lobos maus (claro, isso nós já sabíamos, mas se dá a cara, dá o resto, torna-se símbolo da maldade e do egoísmo de todos os lobos maus), se sentavam no chão, frente ao reduto do lobo, ainda e sempre em silêncio. Claro que Massamá não seria suficientemente grande para comportar tamanha multidão e basicamente ocupava-se a linha de Sintra, o IC 19, a CREL, a CRIL e por aí fora e porque as pessoas saiam de casa de norte a sul. E depois não se tinha de fazer mais nada a não ser fazer nada. Parar o país. As empresas não abriam, os bancos não emprestavam, a bolsa não vendia e comprava, os comboios não saiam da estação, os supermercados não se abasteciam e, parece-me, isto não aguentava mais do que 48 horas antes de se gerar o caos e o lobo mau capitular, pressionado não pelo povo, mas por quem manda realmente, meia dúzia de empresários que estavam a perder milhares de euros com esta história de ninguém fazer nada de nada. Mas isto foi só um sonho imbecil. Agora, vou ali queixar-me para o café.