sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Três pessoas casaram no Brasil e viva a civilização

Três pessoas casaram no Brasil! Ou seja, estamos rapidamente a levar abadas civilizacionais de um país que há meia dúzia de anos atrás era famoso pela praias e pelas favelas e cujo retrato mais recorrentemente aceite como fiel era o da Cidade de Deus e Tropa de Elite. Porém, o mesmo país que tem cidades nas quais nos avisam que não podemos parar nos semáforos sem corrermos o risco de sermos assassinados ou do qual ainda imperam estereótipos como preguiçosos-que-só-querem-beber-cerveja-e-pisar-na-areia, não só nos dá emprego a nós, os 'civilizados', filhos de uma Europa moribunda, incapaz de se levantar dos escombros de um sistema económico falido e falhado na sua essência, como ainda mostra que a vida de cada um é a vida de cada um e se querem viver a três como trio, em vez de casal, deixemo-nos de tretas e vamos dar reconhecimento legal - isto é, os direitos de conjugues - a três em vez de dois. Quer dizer, a vida não é matemática nem biologia, porque se fosse ainda andávamos a foder para procriar como coelhos e o melhor seria mesmo esquecer essa cena do sexo oral que a natureza não precisa de lambidelas e chupões para fazer bebés. Mas se o homem se levantou orgulhosamente acima da biologia, pena é que a sociedade continue a impor os seus padrões enraizados numa ideologia judaico-cristão incompreensível num estado laico aos cidadãos que só vêm os seus direitos reconhecidos se jogarem pelas regras que lhes impõem e que basicamente nos querem normalizar como a embalagens de leite. Valha-nos o exemplo da juíza deste país irmão, que se marimbou no direito sujeito à ditadura de uma moral arcaica e lá deu ao trio o direito à existência. B

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