quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Zeitgeist e a esquizofrenia humana

Há umas noites atrás decidi rever os dois filmes do movimento Zeitgeist, o primeiro e o segundo, assim, de rajada, estilo directa. Submeti-me a um tratamento de choque e agora vou para mais um, o terceiro filme, Moving Forward. No fundo, esta trilogia sistematiza a merda de sociedade capitalista que nós, espécie humana, criámos, e que tem, no final da lista de prioridades, o bem-estar do ser humano, subjugado que está ao príncipio do lucro, ou seja, acumular dinheiro para que uma elite cague em sanitas de ouro, que, na sua maioria, tem uma existência meramente virtual. Ou seja, basicamente é uma espécie de alucinação colectiva em que vivemos: aceitamos um sistema porque acreditamos de forma acrítica e carneiresca, porque o próprio sistema nos condiciona para acreditar que é assim que tem de ser desde que nascemos: trabalhar, ganhar dinheiro, pedir dinheiro emprestado ao banco para a casa, o telemóvel, o automóvel, o tablet e a viagem à República Dominicana, trabalhar mais para pagar os vinte mil empréstimos com juros, com a firme convicção que, se não conseguimos consumir, consumir, consumir, é melhor mesmo estar morto porque não passamos de uns falhados.

Aceitamos como dogma que o sistema capitalista possui vida própria, esquecendo-nos de um detalhe: o sistema só existe porque nós deixamos que exista, porque nós perdemos a capacidade de questionar. Achamos normal que morram seres humanos de fome em todo o planeta e que existam impresas cujo lucro equivale ao PIB de um país inteiro. A vida humana não é um valor absoluto, isso é a maior mentira em que nos fizeram acreditar, a vida humana é, nesta sociedade, um valor relativo, dado que está dependente do dinheiro, que por sua vez e uma invenção, que não tem realidade palpável. O ser humano que morre de fome existe, é real, sofre, mas cagamo-nos nisso porque aquele país, aquele homem não tem dinheiro. Portanto, vocês aí em África, morram para aí. Tornámo-nos escravos, indiferentes ao outro, condicionados pelo facto de termos de vender o nosso tempo para sobreviver e não morrermos à fome, porque tudo não só surge como normal nas nossas mentes formatadas, mas como a única forma possível desta sociedade existir. 

O movimento Zeitgeist não nos chega com uma revelação divina: limita-se a dizer aquilo que, recuperando as palavras de Sócrates, devia ser inegável: "Considero próprio investigar a razão de ser de todas as coisas - como são - e rejeitar todas as opiniões sem explicação." Sem fazermos isso, perdemos a nossa humanidade. E se olharmos à volta, ela é uma espécie em vias de extinção.

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