De
acordo com os responsáveis pela grande empresa Facebookia, existem cerca de 83 milhões de perfis que o Facebook considera falsos ou duplicados e, sendo assim,
têm os dias contados, porque vão ser pura e simplesmente eliminados. Acho que
algo anda um pouco fora dos eixos, eu provavelmente, porque não compreendo muito
bem como é que os próprios senhores do Facebook, que criam uma rede social virtual,
nos impingem agora esta história dos perfis falsos, como se o Facebook
fosse, de alguma forma, real. A natureza do Facebook é tudo menos autêntica -
trata-se, parece-me que andam esquecidos, de uma rede virtual, sem existência
física. Na verdade, são milhões de pessoas que produzem páginas em que
projectam a vida que acham que devem projectar. É sempre uma criação, não é a
pessoa per si que está ali. Mas os responsáveis pelo Facebook acham que sim,
que é possível distinguir o falso do verdadeiro. Quais os critérios? Pelo nome?
São duas ou três palavras que definem a realidade ontológica da existência de
uma pessoa? Mas o meu cão, o meu gato, o meu alter ego, já são considerados
falsos? Por que carga de água? Se eu disser que me chamo Maria Francisca,
colocar imagens das minhas férias e dos concertos onde vou, mostrando como sou
cool e imensamente popular, quando na verdade tenho um namorado que me dá
porrada diariamente, uma irmã prostituta ou se snifar coca todas as noites e só
me apetecer cortar os pulsos, mas preferir delinear uma imagem de que sou o ser
mais feliz do mundo, isso é falso ou verdadeiro? Somos nós ali ou uma
construção para o mundo? Real ou falsa? Andamos todos loucos e a atribuir a
categoria de real ao que é um total logro, uma criação diária de milhões de
pessoas que constroem a persona que querem ser, ou seja, se se mostram ao mundo
como vítimas ou vencedores, oferecidas ou castas? Será que sou só eu que acho
que estamos a construir padrões adulterados de realidade e a tomar a ficção
pelo todo? E quem são os senhores do Facebook para decidir o que é falso do
verdadeiro? Olhem, são tudo. São Deus. São o Grande Irmão de Orwell. Ao
absolutizarmos o Facebook como real estamos de facto a dar poder para quem
manda naquilo decidir do direito à morte ou à vida de quem por lá anda. O
que é ridículo dado que na verdade nada daquilo existe.
Há, já agora, se quiser seguir o meu perfil falso no Facebook é só clicar aqui!
(agora vou ali criar mais um ou dois perfis e volto já)
Há, já agora, se quiser seguir o meu perfil falso no Facebook é só clicar aqui!
(agora vou ali criar mais um ou dois perfis e volto já)
Apoiado toca a criar 10 perfis por pessoa e depois digam qual e o falso
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