domingo, 22 de julho de 2012

O mundo vip foi todo a São João

Hoje estive na praia de São João. Ou seja, estive no mundo VIP, porque nenhuma praia pode competir no escalão de praias da moda a menos de cem quilómetros de Lisboa com a beleza, a calma e a mansidão de São João e da sua vista para o Barreiro, isto porque, ao contrário das outras, para o povo, nesta é preciso pagar para entrar, há pois é, e metade da areia está concessionada a bares com toldos brancos e ar muito lounge, mas que depois estão vazios, porque ninguém tem dinheiro para pagar 15 euros por uma espreguiçadeira. Mas isso também significa que não vi nem a beleza, nem a calma e dificilmente a vista ocultada por centenas de milhares de pessoas que já preenchiam todos os espaços vagos da areia que não era paga, às 10 horas da manhã, com crianças que tratavam por você enquanto liam o Correio da Manhã. Contradições de um país que é como um cão quando quer apanhar a própria cauda: auto-fágico, anda à volta de si mesmo e das suas noções firmes que o que é obrigatória é estar in mesmo que isso signifique rodeado de uma multidão de seres que, sim, respiram, falam alto ao telefone e têm crianças com pulmões capazes de perfurar tímpanos com o som que emitem. Por mim, continuo a preferir ser mesmo fatela e ir para a Fonte da Telha. com abrigos de praia semi-destruídos e toldos foleiros a dizer pepsi e cadeiras horrorosas de plástico amarelo.

2 comentários:

  1. "há pois é" ou "ah pois é"?

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  2. Neste caso o há com h foi mesmo de propósito, verbo haver à séria e a doer :)

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