quarta-feira, 30 de maio de 2012

A banalização do mal


Acho fantástico que os senhores comentadores que pululam como lapas rascas nos quatro canais principais, mais nas nossas supostas CNN – leia-se canais ‘informativos’ com Mários Crespos gagás - andem para aí a dizer coisas como que essa história da jornalista do Público ter sido ameaçada pelo Relvinhas não tem qualquer importância. Nenhuma, porque afinal, como dizia um desses senhores com nariz de tintol e queixo duplo, 'eu também foi jornalista e todos sabemos que há pressões e todos temos de aguentar e não andarmos por ai a queixarmo-nos, porque sei bem que quem se queixa é por norma quem cede, os outros não abrem a boca". Não há muito a dizer: a senhora estava a fazer o seu trabalho, foi ameaçada com divulgação da sua vida privada na internet, mas isto, na sociedade é normal. Mas também é normal, pelo que eu percebi dos comentários dos senhores doutores, nomeadamente de um tal de Marinho Pinto, no programa Justiça Cega (só se vazarem os olhos ao senhor é que nos podemos remotamente aproximar desse conceito), o massacre de crianças da Síria em Houla, porque já se sabe que 'os do outro lado' também não são flores que se cheirem. Deixem ver então se percebi: é normal sermos ameaçados e a coagidos de invasão da nossa privacidade, nomeadamente por quem detém cargos públicos e poder, é normal matar civis e crianças, porque, pronto, sei lá, guerra e guerra e isso são azares que acontecem. Por mim, sinto que existe uma banalização do mal e um esvaziamento de ética que me assusta. Não há valores absolutos. Tudo e relativo, desculpável, tudo tem de ser contextualizado e há duas faces para a mesma moeda: para o abuso de poder, para o desemprego, para a fome, para a morte violenta. O problema é que quero fugir e não tenho para onde: ou há tarados assassinos e legitimados por países como a Rússia e a China no poder, ou há cenários de guerra patrocinados pelos Estados Unidos e seus aliados, ou há crianças que morrem de malária e de fome ou há o dito ocidente capitalista, onde os assassinos não usam armas, mas matam moralmente, todos os dias.

1 comentário:

  1. .

    .

    . nem absolutos . e os relativos estão já bastante relativizados .

    . por ora . lojas de valores há imensas . quase superam as agências bancárias . ambas . no entanto . com o mesmo intuito castrador .

    . e todo o mal serve para ficar pior .

    .

    .

    ResponderEliminar