segunda-feira, 30 de abril de 2012

Shame e a não vergonha do sexo


A sensação de orgasmo mental tende a ser mais rara do que a outra, a física. Por estes dias, dada a escassez deste género de prazer, é por mim particularmente acarinhado, com muito colo e festinhas e atenções e palavras doces na fase pós-coito. Por isso, vou defender este Shame, de Steve McQueen, até ao fim das minhas forças. E não é porque tem muitos orgasmos, é porque tem orgasmos feridos, carentes, sozinhos, porque tem ejaculações no vazio, pele que roça a solidão, línguas que lambem mas não curam as feridas, pénis que rasgam a carne mas não chegam ao osso da alma. É porque cada palavra dita está nem a mais nem a menos e o rosto de Michael Fassbender e Carey Mulligan chegam para dispensar o que só pode ser não dito.

Sem comentários:

Enviar um comentário