quinta-feira, 1 de março de 2012

Velhotas e passadeiras

Hoje deixei passar uma velhinha na passadeira de peões. Não tenho por hábito fazê-lo, nem a velhinhas nem a qualquer outro ser humano que possa evitar. É extremamente aborrecido o ato de deter o carro quando vamos lançados, esperar, por vezes uma eternidade, e depois sermos forçados novamente a meter a primeira. É que, além de claramente ser uma perda de tempo - e já se sabe que quem está a conduzir tem necessariamente mais tempo do que quem anda a pastar a pé, daí a dicotomia automóvel-pés chatos - ainda consome gasolina o que não dá nada jeito, dado que é mais caro um litro de gasolina do que um hambúrguer no MacDonalds. Mas pronto, hoje apeteceu-me mesmo parar e esquecer-me dos incómodos. E não foi uma inspiração divina para cometer a boa ação do dia. É que curti mesmo a velhota. Lá estava ela, costas muito direitas, pose impassível, com a sua bengala, a parar no passeio. Tinha não só estilo, o que é relativamente fácil, mas algo de grandioso. Não estava a pedir para os carros pararem, estava ali, a impor o seu direito. Gostei da pose. Gostei do ato não submisso. E depois lá segui a caminho, a pensar que o mundo precisava de mais velhotes assim..

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