terça-feira, 27 de setembro de 2011

Adoro barbies


As barbies são extraordinárias. As bonecas e as outras. As bonecas porque são a encarnação perfeita do que vamos querer ser quando fomos grandes – giras, boas, com longos e sedosos cabelos, umas mamas empinadas, cintura de vespa, com imensa roupa para trocar a toda a hora e um namorado rico com descapotável (em vez de espertas e boas profissionais, como nos ensinam a dizer em público desde o movimento de emancipação feminina nos ter lixado a vida e termos de trabalhar para viver). Mas as outras, de carne e osso – geralmente mais osso do que carne – não lhe ficam atrás e aí digo vos mesmo que me fazem sentir bem só porque estão ali, existem, são reais e dão imensa cor ao mundo. Agradeço-lhes porque me dão descanso à mente quando está cansada, pois não exigem nada, nem uma única frase inteligente, uma passagem de raspão por um pensamento com qualquer conteúdo que vá além das novas pestanas de silicone, ou um simples aflorar de uma figura de estilo. E agradeço-lhes ainda mais porque me elevam nos momentos difíceis, me levantam, metaforicamente falando, nos seus bracinhos frágeis, porque, sendo tão simples e generosas, me oferecem sempre a oportunidade de me sentir muito mais perspicaz e culta do que elas. Portanto, meninas bonitas e tontinhas e fúteis do mundo, obrigada por existirem. O meu mundo seria bem mais cinzento sem vocês e sem as conversas de elevador em que dizem que as minhas unhas têm uma cor fantástica e ficam dois minutos a olhar para os meus pés a tentar adivinhar onde foi que comprei aquelas sandálias ou permanecem em frente ao computador, horas, a enrolar o cabelo loiro, de canudos, com os dedos, em contemplação seráfica, ou passam duas horas no restaurante a controlar o tipo moreno sentado na mesa ao lado ou a trocar mensagens cheias de K no telemóvel, indiferentes ao mundo exterior. Estas criaturas têm uma função no mundo e isso é algo que é sempre digno de mérito. Eu agradeço,a  Vodafone provavelmente também.

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