sábado, 14 de dezembro de 2013

Suor e lágrimas

Há muitas coisas que desconhecia sobre bebés. Não sabia que dão tantos puns. Não sabia que ficam vermelhos como tomates quando fazem cocó. Não sabia que apreciam por demais fazer cocó e a refeição em simultâneo. Não sabia que cheiram bem (quer dizer, desconfiava), mesmo nos dias em que não tomam banho e que nunca, mas nunca têm odor a suor, o que significa que se poupa em desodorizante o que se gasta em fraldas e toalhetes. Não sabia que olham para nós como se fossemos o mundo inteiro. Não sabia que se divertiam a deitar aleatoriamente a língua de fora nem que dormiam com os braços no ar e que detestam ser tapados até ao pescoço ou que param de chorar quando se canta o Só Gosto de Ti dos Heróis do Mar com voz de cana rachada ou que nos sorriam de manhã faça sol ou faça chuva e que choram em desespero até entrarmos de novo no quarto, como se nos tivessem perdido para sempre em sessenta segundos. Quero dizer, ainda não sei nada sobre bebés. Sei sobre este bebé que é meu, se meu fosse palavra que podemos dar a um ser humano, a qualquer ser humano. Este que mora cá em casa, que se apoderou de mim antes de dizer olá, só com um choro como frase de engate. E até podem dizer que os bebés são todos iguais. Tretas. Ninguém acredita mesmo nisso. Nenhum ri da mesma maneira, caga da mesma maneira, mete um olho pelo outro com a mesma (assustadora) simetria ou empurra o biberão com a língua e cerra os lábios com a mesma força quando não quer mais. A magia desta cena toda é que este ser minúsculo é único nas suas semelhanças com todos os outros. Agora e sempre, principalmente aos olhos de quem o ama. O amor é o espelho da nossa unicidade. Deve ser por isso que os putos precisam das mães...

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