sábado, 12 de janeiro de 2013

A Pepa é tão desinteressante que só podia ser interessante neste país

Sobre a questão da Pepa e do vídeo para a campanha da Samsung, só me pergunto o que é que a Chanel terá a dizer sobre o assunto. Acho que, antes de mais, a marca francesa foi a mais beneficiada no meio disto tudo e não teve de gastar um tostão, pelo que acho que deviam dar uns cobres à miúda e Lagerfeld usar a Pepa como imagem da próxima campanha. A Pepa é sem tirar nem por o público alvo da Chanel: profundamente fútil. O que a torna por inerência desse dado profundamente desinteressante e de limitada inteligência ética (ok, no caso da Pepa, limitada inteligência ponto final). A questão aqui não é a Pepa querer uma mala Chanel num país em estado de crise como o nosso. A questão aqui é alguém querer uma mala que custa 2500 euros quando há quem não tenha o que comer, aqui e em mais de meio planeta. E a Pepa não está sozinha nestes desejos. O que é incompreensível neste ataque à Pepa é que ela não faz mais do que dezenas de outros bloguers neste país de merda, a começar pela Pipoca, mais a Mónica Lince e por aí fora, sendo a primeira a rainha da popularidade, que granjeia ao colocar fotografias dos seus presentes de Natal e de anos estilo catálogo e a falar dos Laboutins (são sapatos que custam entre mil a cinco mil euros) que comprou como se tivesse descoberto a cura para o cancro. A Pepa tem apenas é aquele defeito na fala que a torna mais obviamente irritante, mas tirando isso, são todas farinha do mesmo saco e vieram para os seus blogues escrever que não percebem qual é o mal de querer uma mala Chanel. Não há mal nenhum, não há é absolutamente bem nenhum na questão. Porque no fundo esta é uma não-questão, de um país que teima em se entreter com não-questões e em dar importância a seres com a dimensão de uma Pepa, para se adormecer com não-problemas e não reparar na cama onde está deitado. E acreditem que nessa cama os lençóis não são Chanel. Mas com um bocadinho de sorte, o despertador pode ser Samsung.

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