As Cinquenta Sombras de Grey ou a excitação da iletracia

O sucesso mundial que o alegado livro erótico 'As Cinquenta Sombras de Grey' alcançou lança-me alguma preocupação sobre os respeitáveis elementos do meu próximo sexo. Não, a questão não é existirem milhões de mulheres que sentem prazer em ler romances sado-maso. O que me suscita alguma preocupação é quando supostamente sentem prazer a ler livros escritos para quem ainda não completou a quarta classe, com descrições primárias, diálogos imbecis e personagens que se chamam Anastacia e que são virgens aos 21 anos em pleno século XXI, a que se junta um milionário e homem de negócios, o tal Grey que dá nome à obra, acabado de sair da adolescência, mas que curiosamente não trabalha, porque a única coisa que faz (não, não é sexo) é ter longos e cansativos, repletos de alusões sexuais que já nem os senhores das obras dizem, com a tal palerma chamada Anastasia. Se isto excita as mulheres, ou elas excitam-se de facto com muito pouco, ou os homens andam a dormir em serviço.