sábado, 29 de dezembro de 2012

A degeneração do cinema

Holy motors não é um filme fácil, sendo que de facto é um filme difícil de aturar. Início. O senhor tem um sonho e está de pijama e óculos escuros num quarto de hotel do qual, depois de inspecionar a parede, vai parar a uma sala de cinema onde um cão passeia pela coxia. Salto na narrativa e uma criança despede se do pai pelo vidro. É o mesmo homem,  pode pensar nesse momento com toda a legitimidade, mas não é (ou afinal talvez seja... ) Tem dinheiro porque entra numa mega limusina branca à lá Cosmópolis e chama se sugestivamente Oscar. Fuma e olha para o relógio. Trata de negócios ao telefone até sair da limusina vestida de mulher pedinte com muletas e lenço português na cabeça e nisto, acompanhada por dois seguranças, começa a pedir nas ruas de Paris. Nesta altura só penso what the fuck??? Volta para a limusine, que está transformada em camarim, e o homem lá tira  a cabeleira postiça e eu espera lá que isto é uma  metáfora, se o homem até se chama Oscar e agora lê o segundo dossiê, símbolo de guião para o segundo papel que irá provavelmente interpretar a seguir. Hummm, pós modernismo portanto. Vestido com fato de licra com luzes de Natal para um efeito visualmente interessante, caminha resoluto para o seu segundo papel do dia! Quanto mais desta injecção intelectualissima vou aguentar?
Ver o senhor Oscar a fazer piruetas não augura nada de bom. Mas onde é que anda a Kylie? Merda, que agora apareceu uma tipa também com facto de licra e também com luzinhas e o tipo faz lhe sexo oral por cima do fato e dão uma queca vestidos. Vou fugir. Isto não é mau. Basicamente não é é cinema. Chamem lhe outra coisa qualquer. Terceiro papel do dia: armar confusão num cemitério vestido de vagabundo com unhas de dois metros. Pormenor que vale a pena: as lápides têm inscrita a mensagem 'visit my website'. Depois continua o desfile: o oscar  come parte da mão a uma tipa, algum cabelo e umas notas; rapta a modelo de uma sessão fotográfica, mostra a pIla, corta o pescoço a um cabeludo, toca concertina em homenagem a kusturica, leva tiros novamente na pila, and so on... comeca a tornar se mais interessante lá para o fim e depois vemos a Kylie Minogue a cantar em inglês com sotaque francês e desiste se da redenção. É um exercício estilístico para quem tem duas horas a perder com alguns apontamentos de cinema pelo meio...querem um filme? Vejam Amour! E pensar que este realizador fez os Amantes da pont neuf!

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