quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A praia é a Casa dos Segredos sem a Teresa Guilherme

A praia assemelha-se muito a ir ao cinema, com a vantagem que é de borla e estamos deitados de papo para o ar a apanhar sol em vez de trancados num espaço fechado com o som das pipocas  a sobrepor-se ao do filme. Tirando isso, há muitas semelhanças. Principalmente se tivermos o gosto pelo cinema que conta histórias, aquele mesmo à moda antiga, como o dos filmes com o James Stewart. Ou então, em versão menos erudita, é mesmo como a Casa dos Segredos sem a Teresa Guilherme. É isso que me vem ter aos pés quando, deitada na toalha, começou a ouvir os diálogos à minha volta. Claro que me marimbo para o livro imediatamente quando, de repente, ali, de mão beijada, sem me pedirem sequer uma moedinha, são me oferecidas episódios de vidas reais com os pormenores mais sórdidos à mistura. Tudo isso chega de uma forma hipnótica aos meus ouvidos, que já não se conseguem despegar dos sons, e, claro, aos meus olhos, os quais, discretamente para não interromper o gozo, já identificaram de onde chegam os sons e, protegidos pelos óculos escuros, não mais largam a presa, antes lhe tiram as medidas. E chegam as histórias: é uma rapariga que tem a ex-mulher do namorado a fazer-lhe esperas à porta de casa e como se não bastasse ele ainda lhe entra na conta do Facebook para ver se ela tem outro, e claro que há o Carlos, o vizinho da frente que é personnal trainer, mas já se sabe que são só amigos, o tal namorado é que é tão louco por ela que depois faz essas coisas; mas depois há a amiga que quando chega a sua vez de falar lhe conta que a melhor amiga decidiu ir para a Suíça com um psicopata que a espanca regularmente mas sem o qual não consegue viver e coitada nem arranja trabalho nem amigos; e ali ao lado está outro que é um desgraçado divorciado que não pode arranjar namorada com o risco de que a filhinha a degole dado que quer o papá só para si mas que se diz incapaz de assentar uma boa palmada no rabo da criança, isto contada a outra cota que por sua vez não faz nada do filho adolescente, que ainda por cima já é mais alto do que ela e portanto não lhe pode bater, com o risco de levar um abanão porque se não fosse o caso ela mostrava-lhe... Enfim, são horas e horas de prazer, inofensivo, porque nunca mais vou ver aquelas pessoas na vida graças a Deus, e de puro voyerismo. Obrigada a todos os que precisam de contar ao mundo aos seus males e desconhecem o conceito de falar baixo. Desconhecem ou estão se mesmo a cagar para o assunto, ainda não percebi. Mas seja como for, é sempre reconfortante saber que há vidas e cabeças bem piores que a minha sob o sol da caparica.

7 comentários:

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    . tal e qual . ainda hoje . na praia . dizia uma . mesmo ao meu lado . que o mano tinha saído de uma casa cheia . onde vivia com a família . para montar casa sózinho a fim de levar a namorada . rica e betinha . para viverem juntos . conclusão . a namorada rica e betinha não foi viver com ele . pois não tem coragem de deixar os pais .

    . a solução apresentada por esta suposta irmã é a seguinte . "qualquer dia vou ter com ela e parto-lhe os cornos, p*** do c******" .

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    . depois . virou-se para as amigas e disse . "se não fosse a m**** do vento, fumávamos uma ganza" . e,,, assunto arrumado .

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    . ora toma . para grandes males . grandes remédios .

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  2. lol. Concordo plenamente e' como estar no cinema ao ar livre :) E quando nos fartamos da historia basta colocar a cabeca na tolaha e concentrarmo-nos no barulho das ondas e ja'esta': todo o ruido de fundo se foi!

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  3. Bem, a vida das pessoas e um filme de comédia ou de terror.

    Quando se trata de terror, o melhor e uma pessoa pensar, em ver a vida com outros olhos, e com outra mente.

    Quando se trata de comédia, há q partilhar.

    Infelizmente, sei q uma pessoa que conheço, concorreu a esta casa de degredo e de pulguedo, talvez para se dar a conhecer melhor, agora se la entrou não sei, mas de certo, depois os amores de Verão e os outros viram todos e revelarem-vos episódios dos mais tristes e cómicos, também.

    os q quiserem ver, vejam, eu não perco esse meu tempo precioso, mas que o meu Verão, foi o melhor deles todos foi e com imensa diversão, passeio, praia e alegria.

    Uma coisa a não esquecer?
    A Teresa Guilherme, disse q nunca la entrava e nem deixava o seu namorado la entrar, ja há pessoas, q amam tanto o próximo q assim vão para a tv e praia com outros e o namorado, claro depois deixa ir para um programa como este, para dizer o cornudo que tem sido e continua.

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  4. Bom artigo, este.
    Realmente na praia assiste-se a episódios caricatos,tal como nos comboios. As pessoas não se importam nada de falar alto assuntos que não deviam ir para ali.
    Mas enfim é a natural estupidez do povo português (até rima).
    Mas, a casa dos segredos essa sim, é mesmo repugnante, sórdida.
    As pessoas baixam-se ao mais alto nível, só para aparecerem na televisão. É pena.

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  5. Na praia?! passa-se cenas destas em todo o lado, e em qualquer situação. Há dias foi assistir a concerto sentada. Então como já tinha o bilhete comprado, fiquei no meio de duas jovens, na casa dos vinte ,mais para os trinta , que resolveram falar de tudo. E eu no meio, sem vontade de as ouvir. De ouvir dizer parvoíces, que elas pensaram (?) ser assunto sério. Pobres de espírito! Porque bem vestidas estavam. Será que estas "meninas" acham-se interessantes?! E educadas? Que profissão terão?! Não mudei de lugar porque estava a sala repleta. Com que direito estragam a noite a uma "cota" que só queria ouvir, e pagou o seu bilhete?!...

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