quinta-feira, 26 de julho de 2012

A pena que eu tenho das criancinhas a quem os prevaricadores venderam tabaco!


É pá tenho uma cena com a palavra ‘prevaricar’ e com todas as que derivam dela. Não sei se é o som, se o ‘ricar’ que acho tão pouco estético, se é por ser um verbo intransitivo - prevarica-se e pronto, não há mais nada a dizer sobre o tema, a gravidade é sempre a mesma, sejam berlindes ou milhões de euros envolvidos -  ou talvez, mas só talvez, seja a forma pedante como geralmente cai qual baba da boca de senhores que se dividem uniformemente entre advogados e políticos. O senhor da DECO - essa associação que se afirma tão idónea na defesa dos direitos do consumidor e depois me enche a caixa de correio e o email com ofertas  de aparelhos auditivos em troca de uma assinatura vitalícia da DECO Proteste, o que demonstra imenso respeito por mim pessoalmente como consumidora - que foi botar discurso num dos telejornais que andam por aí e que basicamente são todos iguais, tinha a palavra presa na língua. Deve tê-la dito umas vinte vezes, os prevaricadores, os que prevaricam, a prevaricação, tudo a propósito da venda de tabaco a menores num estudo promovido por eles com crianças dos 13 aos 15 anos (será que lhes pagaram ou foi mesmo exploração infantil?) que foram a estabelecimentos, a maior parte dos quais já se vê de prevaricadores, comprar tabaco. Imagine-se: venderam-lhes o tabaco. Pudera, afinal quem é que tem de educar as crianças, os pais ou a senhora da papelaria? A senhora da papelaria pois então, e o senhor António da tasca, porque os pais estão demasiado ocupados a tomarem caixas de xanax para o fazerem. Prevaricar significa, de acordo com o Priberam,  trair, por interesse ou má-fé, os deveres do seu cargo ou ministério, o que se aplica a funcionários de cargos públicos, o que não me parece que seja o caso, a não ser que haja por aí parcerias público-privadas com cafés e salões de chá que desconhecemos. Também significa corromper ou perverter, o que me parece que torna a sua aplicação, mais uma vez, um pouco rebuscada, porque não foi o senhor António da tasca que andou atrás da matulona de 14 anos a dizer 'toma o tabaco', toma o tabaco, por favor”. Quanto a perverter, bem, fumo desde os 15 anos e não sinto que a senhora do quiosque da estação de comboios que me vendia os SG Ventil tenha de responder em tribunal por qualquer tentativa de me perverter. Nunca tentou que eu fosse visitar uma casa de meninas ou desse um jeitinho ao marido dela. Se calhar o senhor advogado da Deco devia dedicar-se a coisas mais sérias, como a EDP emitir faturas monstruosas e só depois de desembolsarmos o dinheiro que na prática não devemos é que faz os acertos, ou as Finanças enviarem duas ordens de pagamento para o mesmo EMI, a ver se a malta está distraída e pronto, vai disto. Mas isso digo eu, que não percebo nada destas coisas.

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