quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Salão Erótico do nosso (des)contentamento


Vem aí um dos grandes, literal e metaforicamente grandes, momentos do ano. Esqueçam o Indie, o Doc, o Rock in Rio, o Alive e muito mais o Jazz lá na Gulbenkian, afinal quem é que quer ir para um jardinzito de vão de escada ouvir uma música desvairada sem rei nem roque ou estar no meio de uma multidão a gritar frases niilistas como ‘I’m a creep’ ou ‘I’m a liar’? Não. Nada disso deixou de ter qualquer importância porque vamos todos mas é ao Salão Erótico, aquele sítio onde nunca ninguém oficialmente vai, mas depois vem a organização dizer que faturou em receitas de bilheteira que foi uma coisa parva. Vamos lá curtir ‘a cena’, que é como quem diz ‘o sexo’ e as outras ‘maradices’, leia-se fetiches, de preferência de óculo escuro para não sermos confundidos com o trolha que anda a fazer as obras no condomínio lá da rua ou o eletricista que mudou o fusível lá de casa. E há muito para admirar naquele lugar, particularmente três materiais nobres presentes em quase todo o espaço: o plástico – dos stands e cenários e das cadeiras – o silicone, das mamas das gajas e de toda a panóplia de réplicas de pénis dos mais variados feitios, e o vinil dos supostos sado-maso qualquer coisa. Mas, diga-se o que se disser, não é bonito. Ninguém espere satisfazer qualquer instinto estético e qualquer semelhança que alguém teça com o filme ‘De olhos Bem Fechados do Kubrick’ é porque tomou LSD antes de entrar no recinto e provavelmente de muita má qualidade. Os stands, os cenários, os sex toys são incomensuravelmente feios. E já agora também ninguém espere que seja erótico, porque essa palavra não faz parte do vocabulário daquela gente: vacas leiteiras, tipos de corpos besuntados em óleo de fritar e sem um pelo no peito que sobem ao palco para levar à histeria mulheres de uma assistência retirada de um filme do Pasolini, não são eróticos. São uma espécie de palhaços, que em vez de tropeçarem e ficarem novamente de pé, têm ali uma cena que nunca baixa.
Mas, tirando a ausência quer do belo como do erótico, vai de certo ser divertido. É que dá para tirar fotos com as estrelas de cinema de verdade!

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