quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Adora ser uma pin-up de ginásio

Gosto da cena do ginásio. De entrar ali dentro e de repente fazer parte de um mundo em que somos todos muito giros, muitos cool, muito saudáveis, muito fashion. Podemos não ser absolutamente mais nada, mas ali dentro somos todos objetos de styling. De de repente estar num mundo plastificado, onde não há muito que pensar, melhor, não há nada que pensar, apenas temos de saber matemática básica (um, dois, três chega na perfeição, mais seria só para queimar os neurónios), é um descanso. Não há preocupações, excluindo a premência da tonificação do gémeo ou no tamanho do bíceps. Vou para lá descansar, mesmo que soe que nem uma doida. Entre música de batida de feira popular e cinquenta pessoas a pedalar no vazio cósmico como se não houvesse amanhã, ninguém me fala de coisas sérias, me obriga a tomar decisões ou a dar resposta a questões paradoxais da existência humana, como, por exemplo, como é que um país democrático pode ter o Cavaco Silva como presidente da república, do que falamos exatamente quando usamos a palavra república, ou como é que o conceito de soberania coexiste com uma entidade que lembra a antiga união soviética, chamada troika ou, mais difícil ainda, o que são exatamente agências de rating. Deem-me aulas de rpm, pump, condicionamento total, o diabo a quatro, com gente de plástico, bonita e limpinha. E depois do duche posso regressar à vida real muito mais inspirada.

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