quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sexo astral

Descobri um admirável mundo novo numa conversa com um amigo meu este fim-de-semana. Pelos vistos, além do sexo vaginal, oral e anal e das suas variantes, como correntes, palmadinhas e palavrões, fatinhos de coelhinha, bombeiro ou Passos Coelho para os masoquistas, há todo um território praticamente inexplorado pelos amantes mais dados a cenas novas: chama-se sexo astral. Quando o meu amigo me disse que tinha um amigo de um amigo que praticava esta modalidade com a namorada, que por acaso até está no Brasil o que vim a perceber que até dava jeito, uma vez entendida a verdadeira natureza do objecto em causa, pensei primeiro (santa ignorância!) que era um nome pós-moderno para o sexo tântrico, vou estar trinta mil horas sem me vir, podemos ver o 567º episódio dos Laços de Sangue enquanto o fazemos e isso é muito divertido, etc e tal, aquela coisa toda do prazer extra, quando na prática a única vantagem é dar-nos tempo para limar as unhas das mãos, dos pés e fazer a lista do supermercado. Mas não, sexo astral é uma dimensão muito mais à frente, mete os tântricos num canto e pelos vistos não exclui rapidinhas. O sexo astral significa passar da teoria à prática algo de que se fala há tanto tempo: é que de acordo com as teorias esotéricas, nós não temos só corpo físico, não senhora. O corpo físico é o menos importante de todos (sim, as maminhas e o rabinho e as horas que passamos no ginásio para que não caiam são absolutamente dispensáveis, mas ainda quero ver o tipo que diz a uma grandalhona ‘o teu corpo astral excita-me’). Temos vários corpos, feitos de energias mais subtis e evoluídas. Ao corpo propriamente dito, segue-se o corpo astral, de energias mais subtis. Ora, sexo astral é nada mais nada menos do que praticar sexo nessa outra dimensão. Vá de fechar os olhos e pronto, fazemos sexo sem ser preciso sequer tocar ou cheirar o nosso parceiro porque são os nossos corpos astrais, e não os físicos, que estão presentes – e isto vem com orgasmo incluído e tudo. Interessante, certo? Pois a mim levanta-me ainda outras questões, de natureza prática e ética: como é que a partir daqui se define o que é infidelidade, vulgo colocar um par de cornos, ao namorado ou namorada? Como é que ficam os votos sagrados do casamento? “ Amor, tive sexo com a Vanessa, mas não te preocupes porque até estávamos em divisões diferentes”. Será que serve esta desculpa no futuro e andaremos todos a sermos infiéis astrais? Haverá pensão de alimentos nos casos em que somos trocadas por sexo astral com a senhora da limpeza? Ter-se-á de repensar toda a lei da família? É que isto coloca questões éticas mais complexas do que no caso Clinton/Mónica, em que a Hilary se viu confrontada com o argumento presidencial “se não houve penetração, querida, não houve sexo”. Há ou não penetração no sexo anal? E só mais uma última questão: é preciso usar preservativo ou não há risco de engravidar?

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