domingo, 6 de novembro de 2011

Submarine: um filme que não vai ao fundo



Os adolescentes – e os adultos a que dão origem - não têm de ser nem tontos, nem complexados, nem miseráveis, nem lamechas, nem emocionalmente tropegos. Podem muito bem ser como Oliver Tate, personagem principal de um filme divertido, a piscar o olho ao humor negro, chamado Submarine, de colheita cem por cento britânica, e que é um dos objectos mais refrescantes de cinema que me passaram pelos olhos nos últimos tempos. Sim, é sobre adolescente, um adolescente em particular, cujo olhar, já por si moldado por uma super 8,  seguimos durante duas horas, numa pequena localidade no País de Gales, e que apesar de muito ocupado a construir cenários hipotéticos – como imaginar como seria a sua própria morte – arranja tempo para cair na real e viver dividido entre as responsabilidades de ser namorado de uma miúda gira cuja mãe está a morrer de um cancro no cérebro, e a crise do casamento dos pais, um biólogo marítimo depressivo e uma administrativa de casaco de malha, que se envolve com um guru new age, um puto que não é nem muito, nem pouco popular, nem feio, nem giro, com algum acne e um cabelo que por vezes precisava de uma boa lavagem, mas já se sabe que os adolescentes odeiam água. Oliver é depressivo q.b, porque é também pragmático, tem um sentido de humor mordaz, quer mudar o mundo, mas calma lá, que com limites, e vive dividido entre os elevados ideais e a dura realidade do dia em dia, que o obriga, por vezes, a ter de encontrar soluções originais para atingir os seus fins. Oliver é um sobrevivente, mesmo aos 16 anos, sem que isso signifique que é infeliz. O filme é um bombom para comer a maior parte do tempo com um sorriso e umas galochas, porque de vez em quando vamos ao fundo do oceano. Mas regressamos ilesos.

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