A ignorância dos jovens universários e a pedantice da malta cool no Facebook

Diverti-me imenso a ver o vídeo da reportagem da Sábado onde desfilam as calinadas dos estudantes universitários portugueses. Mas diverti-me ainda mais a ler os comentários no Facebook ao vídeo da dita reportagem, que deu início a um movimento de cagonice nacional. Em resposta, podiam ler-se coisas como: "imaginam se lhes tivessem  perguntado quem é o Wilhelm Wien, prémio Nobel da física em 1911, pela descoberta das leis de propagação do calor' ou ainda ‘como se não fosse possível saber que é Washington a capital dos Estados Unidos, desde a declaração da independência, mas é importante não confundir a cidade com o Estado, que recebeu o nome de Washington em homenagem ao primeiro presidente e blá blá blá’. Houve uma necessidade imperiosa e globalizada de correr ao wikipedia e fazer statements para dizer desesperadamente 'ei, eu até posso não ser licenciado. mas não sou burro!" O que só significa que é, como (quase) toda a gente sabe.

Mas além da cagonice no Facebook, a reportagem levantou-me outra questão: porque é que divinizamos os jovens universitários portugueses ao ponto de pensar que só eles poderiam responder àquelas questões? As perguntas eram de nível tão básico, tão básico, que estranho é concluir que são os universitários portugueses que são uns ignorantes, mas não os portugueses em geral. Mas alguém espera que eles aprendam isso na faculdade? Quer dizer, eles já deviam saber quem escreveu os Maias ou que é Presidente da Comissão Europeia antes de ir para a universidade: deviam ter aprendido aquilo na escola e, se nunca tivessem conseguido aprender, ainda deviam estar na escola, para aí no sétimo ano. Mas não estão e não sabem, mas quem não vai para a faculdade também não sabe, e isso não é menos grave, como se parece querer fazer pensar, como se a ignorância fosse aceitável para uns e não para outros. Aquilo que vemos no vídeo é um micro-reflexo de uma ignorância total, geral e, claro, grave, porque seres acéfalos dão no futuro primeiros-ministros como o Sócrates e o Passos Coelho. Ou nunca pensaram como é que eles lá chegaram?