tag:blogger.com,1999:blog-61119041565419019112024-03-18T21:12:03.812-07:00Nada a acrescentarSofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.comBlogger246125tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-76627869538496406442015-02-28T18:23:00.000-08:002015-03-03T06:39:12.719-08:00Mudam-se os tempos... e fica tudo na mesma<div dir="ltr">
Aquela história batida de que uma criança nos muda é das maiores tangas à face da terra, uma das falsas ideias perpetuadas pela sabedoria da conversa de elevador. De tanto se repetir sem reflexão, achamos que é normal dizer ao colega do terceiro andar que vai à nossa frente no elevador - não vá sucumbir naqueles quinze segundos à monotonia da viagem-, que hoje está muito, muito frio, mas que em princípio vai chover amanhã e eis que o outro nos dá em troca o eficiente chavão do ah, mas prefiro mil vezes o frio à chuva no inverno, e dlim, a porta abre, uf, podemos prosseguir viagem em silêncio, acabou a obrigação de preencher o silêncio. A conversa da maternidade mudar uma mulher é uma das variantes destes diálogos elevantidicos, mas não passa disso mesmo. Ser mãe não só não muda uma pessoa para melhor, como a antes faz vir à superfície o pior de muita gente. Mas ninguém se torna obcecada, neurótica, protectora, galinha ou psicopata enquanto mãe se não fosse antes, de uma forma mais ou menos velada. Se calhar antes comprava fatinhos em tweet ao caniche que, mal nasceu a criança, foi despachado para casa da irmã nao fosse a bebé, agora também ela toda em tweet, ser alérgica à criatura. A mãe que amamenta a criança até esta fugir de casa aos dezasseis anos para ser sem abrigo (mas um sem abrigo feliz), era a mesma que antes dizia às <u>amigas</u> que o marido era um autêntico incompetente, não fosse ela tomar conta dele e nem sequer sabia o que vestir para ir trabalhar ou dar uma queca decente, mas agora o desgraçado dorme no quarto de hóspedes, porque ela faz bed sharing com o filho. Não mudamos porque nasce uma criança, mudamos às vezes porque a vida nos dá tanta porrada que chega um dia que nos cansamos de estar a ser empurrados para as cordas do ringue, mas, sejamos francos, a maior parte dos seres humanos nem a ser espancado pela vida lá vai, permanece em relações tóxicas, em comportamentos instintivos, em rotinas marcados pelo medo, em jogos de poder e de ambição, na ânsia de ganhar poder sobre o nosso outro ou tirando sustento emocional na posição confortável de eterna vitima. Era bom era que ser mãe mudasse alguma coisa. Talvez assim os psicológicos ficassem desempregados daqui a vinte anos. Mas o que é tem muita força. E vamos continuar a foder muitas cabeças durante gerações e gerações, só porque é uma das coisas que o ser humano faz melhor. E isso ninguém refere no elevador.</div>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-12254836290449842252015-02-26T16:36:00.000-08:002015-03-03T06:38:18.910-08:00Ver estrelas e outras cenas que tais<div dir="ltr">
Hoje estive a olhar para as estrelas. Não é de forma alguma uma atividade a que dedique muito tempo. Sou mais uma pessoa de pessoas do que de paisagística. Mas a verdade é que estavam estranhamente nítidas vistas de minha casa, o que acontece cerca de duas vezes por ano, porque esta coisa da civilização fode o nosso lado Carl Sagan. É uma actividade que não deixa de ser interessante. Damos por nós a pensar numa série de coisas sérias, como o sentido disto tudo, o que realmente é importante na vida e toda a merda que não tem qualquer relevância quando pensamos bem a fundo no que é essencial para nós. Nada de mais, mas cinco minutos depois de ter iniciado esta actividade dei por mim a pensar que, pronto, o melhor era ser rica. Desta forma não tinha mesmo que me aborrecer e de dedicar o meu tempo a coisas que não dão grande colheita para o meu cesto da felicidade, como ter de ganhar dinheiro ao final do mês. Podia viajar, ver filmes e ler livros até me empaturrar, experimentar os restaurantes que me apetecesse, ir para spas, tirar cursos e workshops à vontade do freguês e dedicar-me aos projectos que entendesse sem ter de me preocupar em ganhar dinheiro. Concluindo, melhor mesmo é deixar-me destas cenas voyeristas. É que em nada contribuem para a minha felicidade.</div>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-26836735244659478142015-02-04T10:36:00.000-08:002015-03-03T06:37:32.517-08:00Ir para fora cá dentro<div dir="ltr">
Hoje fui ao aniversário de uma amiga. Uma amiga que é, em muitas e variadas coisas, a antítese de mim. A minha amiga, a quem vamos chamar C., é daquelas pessoas que gosta de frases motivadoras ao estilo de carpe diem ou keep calm and keep on laughing ou a clássica always look to the bright side of life. Nunca, mas nunca, se esquece de um aniversário e personaliza sempre cada presente que oferece de uma forma irritantemente original. No natal é capaz de fazer cinquenta embrulhos diferentes porque cada pessoa é diferente (sim, C. acredita mesmo nisso) e, na festa de aniversário. tem sempre uma lembrança fofa para os convidados, feita por ela, porque C acredita que isso é o que confere valor a tudo. Acorda às seis da manhã para aproveitar o dia, tem olho para o pormenor, paciência para estar horas e horas na cozinha e acredito que, em sua casa, não há lugar para o banal em nenhum recanto. Já eu sou a baldas total. Nunca me lembro de um aniversário, coisas hand made só na feira do artesanato, os presentes saem da mão dos profissionais de embrulhos para a mão dos destinatários sem um momento de hesitação, acordar antes das 10 é punição, as frases motivacionais são eliminadas como spam do meu feed do face (sim, sou assim para o besta) e a minha sensibilidade para o design é limitada ao catálogo do ikea. Chego por isso àquela conclusão óbvia de que adoro os meus amigos porque não são eu, graças a Deus. Porque me dão uma outra perspectiva da vida que escapa à minha, na qual tendo inevitavelmente a ficar viciada, e isso faz-me aceitar a diferença como o caminho que se percorre para fora, de modo a depois regressar para dentro, com alguma coisa que antes não se tinha. São como escapadinhas, mas sem o booking. Ou um looping sem o cinto de segurança. Os amigos são quem nos permite evadir do ângulo de 30 graus pelo qual observamos esta existência e ampliá-lo para os 180 sem precisar de esquadro. Ir à pesca, fazer ciclying, reciclar, aceitar, encontrar, discutir, entender. Porque, se fossem como eu, seriam absolutamente desinteressantes, não porque eu seja desinteressante, tenham lá calma, mas porque seriam mais do mesmo. E, no final, não consigo apagar as frases motivacionais de C. do meu mural porque, sendo dela, as gosto de ler todas as manhãs. </div>
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Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-90112757964079964932015-01-16T14:46:00.000-08:002015-03-03T06:36:07.850-08:00De velharias e outras cenas que tal<div dir="ltr">
Com o passar dos anos, as mudanças de casa e de tempos, de estados de espírito e de amores, ou desamores, que no fim trabalha tudo para o mesmo, fui-me tornando adepta do travel light. Apesar de ter nascido na geração da cassete (pirata e não só), dos livros da Anita, dos sete, dos cinco e da Patricia, do vhs e dos álbuns de fotografias, do Expresso pesado (espera, que isso não mudou) e dos livros do patinhas, de que gostava especialmente das edições especiais, de capa dura, confesso-me cada vez mais uma apaixonada pelo digital, talvez porque o vejo tão mais perto do básico. A minha mente adere com simpatia à ideia de se transportar quem nós somos, a música, os livros, os papéis soltos e as imagens, sempre as imagens, num disco externo, uma coisita de nada com tetramegas de tudo, ou, melhor ainda, nem transportar mesmo nada e andar tudo no espaço que imagino sideral, ancorado numa tal de cloud, ausente de espaço físico quem o contenha, fora as prateleiras e os sótãos e mais as arrecadações a que o povo português é tão aferrado, porque dá para guardar tudo e mais alguma coisa e nesse mais alguma coisa reside a atracção pela segurança de sermos o que temos e nunca se sabe quando aquela merda que ninguém quer vai dar jeito. Mas a verdade é que se torna tão mais fácil (ou difícil?) o simples acto de ir. Sem pesos, malditos pesos e caixotes e caixotes e caixotes de quem fomos ou ainda acreditamos ser ou não queremos deixar de ser, quando, na verdade, quando nos formos mesmo daqui para fora nada podemos levar de fora de nós. </div>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-29484770470605439072015-01-01T09:47:00.001-08:002015-03-03T06:34:51.215-08:00IníciosNo início do ano, sinto-me sempre um tudo ou nada confusa. É que é O PRIMEIRO dia do ano, pelo que parece que é suposto que algo mude quando na verdade o que se passa é que basicamente tudo se mantém na mesma, gerando uma estranha ansiedade, quase pré-menstrual, porque temos, mas temos mesmo, de mudar alguma coisa, ou basicamente estamos a deitar para o lixo uma Nova Oportunidade (mesmo assim, com letra grande) para, desta vez, fazermos bem o que não soubemos fazer ou lixámos ou desaproveitámos nos trinta e tal anos anteriores. O peso desta responsabilidade é terrível e obriga-me a passar a tarde do Primeiro Dia, na ressaca da passagem do ano, o momento simbólico que marca o início de tudo, mas que sabe mais a pretexto para beber uns copos e meter o ano velho na gaveta - excepto que a gaveta teima em não fechar, entulhada de roupas e outras tralhas- a fazer coisas. Não interessa bem o quê, tenho é de fazer alguma coisa. Os especialistas dessa cena chamada mente dizem muitas vezes que, como não queremos arrumar o que está dentro, começamos a mexer no que está fora (muito mais fácil), embora eu, por necessidades filosóficas, goste de pensar que é exactamente ao contrário e que, ao arrumar cá fora (o que dá muito mais trabalho do que eles pensam), estou a arrumar a minha cabeça. Pronto, então tiro coisas das gavetas do quarto, volto a arrumar, troco de sítio, forço-me a deitar roupa fora (sim, tu és capaz), vou à sala e olho para a gaveta dos medicamentos porque um dia terei mesmo de ver o que está fora de prazo (hoje é o dia) e, já na cozinha, contemplo meditativa o armário dos tachos e das panelas porque, dêem-me só mais cinco minutinhos, e já ataco aquela tropa de choque, e depois vou namoriscar com o guarda-roupas, mas parece que ele não quer nada comigo, vou já tratar disso, só mais uns minutos porque me lembrei que tenho algo mais importante para fazer e regresso à sala para ler as lombadas dos livros e tentar compreender quais aqueles que posso generosamente dar, se até sei que aceitam livros nas bibliotecas das prisões, pelo que estaria, quem sabe, a ajudar o Sócrates a matar o tempo, e penso que nunca mais vou ler nada daquilo na vida, mas teimo em não me separar deles, uma teimosia cega, surda e muda, e volto ao quarto, medito sobre as teorias de economia do espaço, que não se aplicam às botas, botins e sapatos, e depois vou até à sala, resignada, e sento-me no sofá a pensar no que estou a fazer e que não me apetece nada ir arrumar os tachos e panelas e sinto aquela angustia pesada alojar-se no peito, porque tenho de fazer alguma coisa, mudar, trocar, aproveitar, iniciar, dê lá por onde der. Então, respiro fundo. Faz o que tens a fazer. Só isso. E tu sabes o que é. Não sabemos todos?Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-1745564129100189392014-12-11T19:01:00.000-08:002015-03-03T06:40:07.951-08:00Só porque sim<div dir="ltr">
Com os anos, deixei de dar grande importância a certas coisas numa relação. Ao aninhar todos os dias no sofá. Ao dormir todas as noites em conchinha. Ao desejo de ouvir dizer que sou a mulher da sua vida (mesmo sabendo que isso é coisa que só se sabe no fim da vida, mas que se lixe). Ao celebrar com jantar de gala o primeiro aniversário e nunca, pecado mortal, se esquecer dessa data porque então é que ele não me ama mesmo. Ao dar a mão quando se anda na rua. Ao gostar dos mesmos filmes. Ao dançar agarradinho 'aquela' música. Ou a que ele saiba exactamente o que vou querer pedir de sobremesa no restaurante. <br />
Não é que ame menos, perdi foi a lista infinita de expectativas e tem-de-ser-assim-porque-isto-é-que-é-o-amor, e que me fazia maltratar e desdizer o agora para avaliar tudo o que era em função da lista de requisitos em agenda: ele hoje já me deu dez beijos, já disse três vezes o quanto é feliz comigo ou que a ex namorada é uma besta, que quer ter dez filhos comigo, ficar a meu lado até morrer e que nunca, mas nunca, teve uma queca tão boa na puta da vida? <br />
Era amor ou um exame da escola? <br />
O que acontece é que me tornei mais leve na viagem. Às tantas, cansei-me e esvaziei a mala. Antes, mudava de roupa, mas nada mexia. Hoje, não peço menos, mas também não peço nada. Não me contento com menos, mas tento não confundir o que é com a ilusão que temos do que deveria ser. Não é que seja menos exigente, não preciso é do outro para saber quem sou, que sou ou porque sou. Estou porque amo. Nada mais. E tudo o mais. <br />
E é por isso que quando dizes do nada que me amas ou me dás a mão do outro lado do sofá no meio do filme ou me acordas quando chegas a casa para me me enrolares nos braços ou quando me trazes à cama o pequeno-almoço com que sonho ainda sem despertar ou me dás um abraço daqueles apertados vindos aparentemente do nada, e tudo só porque sim, só porque te apetece, sinto que não trocava esta forma de amor por nenhuma outro. <br />
E sim, sei que sou a mulher da tua vida porque já me disseste sem eu perguntar. E eu acreditei.</div>
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Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-7339006076507340742014-11-10T08:16:00.000-08:002014-11-10T09:03:13.602-08:00Os almoços do meu descontentamento<br /><br />Ainda tenho esperança que alguém me consiga fazer ver a luz um dia destes e assim deixar de ser esta rezingona encartada. Tenho esperança que exista algures por ai alguém que me vá explicar porque é que esta história dos almoços de família, com os pais de cada um dos elementos do casal, faz sentido e acontece no mundo dito civilizado. Isto porque tive uma terrível provação este fim-de-semana da qual vou demorar muitos dias a recompor-me (ontem ainda estremecia quando o telefone tocava), com a agravante de, tal como os impostos, a situação se ir agravar no futuro, porque nenhuma das partes mostra vontade de ceder nesta troca de almoços-galhardete, ora agora ofereço eu, ora agora ofereces tu, mas porque raio então não vão almoçar os quatros e me deixam em paz (se quiserem levar o mini terrorista para lhe aturarem a birra, muito agradecida!). Porque o meu pai e os meus sogros acham que têm de conviver. De estar. De falar. De respirar o mesmo ar. Vá-se lá saber porquê! Este suplício de Tântalo não é novo da minha vida: remonta a mil novecentos e noventa e troca o passo, quando o meu pai e a sua mulher acharam que tinham de conhecer e conviver com os 'compadres' que, do outro lado, eram ainda mais efusivos com a coisa. O que é que aconteceu depois? Separei-me e os compadres, os grandes compadres, nunca mais se viram na vida e a seguir ao primeiro Natal pós-separação dos filhos, nunca mais se lembraram de assinalar, nem pelo telefone, as datas festivas. Agora, como num pesadelo, volto a viver a mesma história outra vez. Como um daqueles pesadelos, em que achamos que acordamos mas ainda estamos a dormir e depois despertamos de novo, mas, merda, o monstro ainda lá está, a querer devorar-me. E lá veio mais um almoço, que basicamente me usurpou de quatro horas do meu precioso fim-de-semana, com um puto mal disposto porque não tinha dormido a sesta e estava um barulho infernal no restaurante, aos berros e a atirar comida pelos ares, com mais danos colaterais do que um drone norte-americano, as avós a tentarem acalmar a fera, que não acalmava, os dois pais sentados lado a lado, indiferentes ao neto se ter tornado no exterminador implacável – os homens daquela geração ainda acreditam que os putos são da exclusiva responsabilidade das fêmeas - e nós só a pedir (como sempre) que não falem de política, um com a mania que é socialista, outro do Estado Novo, e depois eu a pensar que podia relaxar porque o meu pai, mais uma vez, não ia deixar o outro pai dizer fosse o que fosse porque desconhece a capacidade humana de escutar, enquanto o filho e pai da minha criança está com ar de caso e de quem vai estrangular o meu pai porque não deixa o pai dele abrir a boca, e já vejo uma das avós em choque porque o puto meteu o sapato na boca e eu deixei (anything para se calar dois minutos), e ele não come peixinho, não, não come, só batatas fritas bem oleosas, com as mãos sujas, e eu à beira de uma apoplexia, e a pensar… mas porquê? Estas pessoas não têm absolutamente nada em comum. Se se conhecessem em qualquer outro lado, em qualquer outro tempo, não iam querer ser amigos, mas nunca na vida. Eles iam pegar-se aos berros por causa de politica. Elas não teriam nada em comum. Mas de alguma forma doentia, enfiaram na cabeça que, lá porque os filhos se entenderam. também têm de ter uma relação. Quero dizer, já é tão complicado termos uma relação com os nossos pais, quanto mais quando se decidem juntar todos! O puto esperneava e eu por dentro dava ainda mais pontapés. Acabei por sair de lá aos gritos a dizer que o ia adormecer no carro. Eu e o pai da criança discutimos claro. Mas os nossos pais não. Deram muitos abraços e o meu pai disse ‘na próxima é lá em casa’. Pode ser. Não sei é se a relação do casal em si aguenta outro almoço. E ai, é que eu quero ver!<br /><br /><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
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Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-62221857351436952162014-09-12T06:33:00.001-07:002015-03-03T06:35:29.936-08:00Lado sombraTenho mesmo de escrever num blogue completamente anónimo. Onde não exista ninguém capaz de associar o meu nome a qualquer palavra, o que não é o caso mesmo quando sob pseudónimo. É castrador porque A, B ou C sabem quem somos. E há sempre um lado de nós sombra, que não nos sentimentos bem em mostrar ao mundo, por isso mesmo é sombra, se não seria outra coisa qualquer, a nossa personna exposta em selfies no facebook, os nossos sorrisos em família, o está-tudo-bem como se só podesse estar tudo bem, claro, não há outra forma de estar. Nada há de mais castrador do que saberem quem somos. Ou pensarem que sabem quem somos. Aqui não é a questão de me sentir de alguma forma em falta por não mostrar tudo o que sou. Não quero mostrar. Não me quero dar aos outros. Quero guardar para mim as minhas psicopatias, sociopatias, e por aí fora. Ter o meu Dexter interior. Não há liberdade se todos souberem tudo de todos. Não me parece sequer que exista espaço para a criatividade, porque a criatividade é tantas vezes uma fissura no interior de nós, escondida, acarinhada como se fossemos gatos a lamber uma ferida. Gosto das minhas feridas. Das minhas fantasias. Dos meus desamores. Dos meus desabafos para mim mesma falando. Gostava era de falar deles sem ser eu. Se o fizer, deixa de haver escondido, não dito, privado. Se o fizer, deixo de ser eu aos olhos de quem os lê e me (re)conhece. Passo a ser filtrada por algo que está em mim, mas não me define. Por algo que conto da minha vida, mas não me assombra. O juizo dos outros está em todo o lado, está em mim, está no user, no friend, no follow, no filho, no namorado, na melhor amiga, na colega que se senta à nossa frente, no colega que fala do tempo no elevador, na mãe, no pai, na irmã, no gato. Ás vezes parece-me que a liberdade só é real comigo sozinha comigo. Ponto real.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-81965431833910107482014-08-12T07:59:00.000-07:002014-08-12T07:59:40.221-07:00Do Clube dos Poetas Mortos<br />
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Pode ser uma pirosada a puxar ao sentimento, mas estou-me nas tintas. Quando se tem 14 anos, tudo aquilo é imenso. Tudo aquilo faz sentido, de uma forma irracional, tudo aquilo é a única forma de ser, de viver, de sentir. Por isso, estou-lhe grata. Por ter trazido aquelas palavras para a minha beira e me fazer desde então esforçar-me por procurar sugar o tutano da vida (e sim, cada passo no desconhecido, foi com essas palavras, ditas naquela voz, que fui guiada).<br />
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<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-70608683276764301742014-03-02T12:41:00.004-08:002014-03-08T14:32:10.328-08:00Depressão carnavalescaHá algo profundamente deprimente no Carnaval em Portugal. De norte a sul. Para começar as pessoas são, na maioria, feias.Têm muitas delas os dentes tortos - ainda não fiz um estudo estatístico, mas tenho a certeza que deve rondar os 90% - e uma predominância abdominal de meter em sentido qualquer grávida de nove meses. Depois, aquilo tem tudo um ar mal enjorcado: as roupas, as cabeleiras, a pintura, tudo é feio, sem graça, sem brilho, como a encenação de revista de um teatro numa cave de Massamá. Também é característico que, nestes dias de 'folia', se dê livre trânsito à mania nacional dos machos - sim, sempre aqueles que nunca fizeram depilação na vida e papavam a Angelina Jolie de trás e de frente, ao mesmo tempo, porque afinal são super homens e têm duas pilas-, escondida o resto do ano, se vestirem de mulheres. Há uma obsessão dos gajos tugas com soutiens, vestidos tigrados, almofadas no rabo e principalmente saltos altos. Gostam de se apalpar uns aos outros e dizem alguns, os intelectuais -, que aquilo é crítica social. Só se for às dignas de respeito prostitutas do Cais do Sodré. E como se não chegasse, tem tudo um ar pobre neste Carnaval nacional: as máscaras parecem tiradas do caixote do lixo, feitas com os restos lá de casa. E o tempo não ajuda e lá a maquilhagem borra logo com a chuva e a celulite resplandece com a pele de galinha que se apodera das meninas 'sexy', com plumas no cu, a fazer coreografias pés de chumbo e que acreditam que mexer o rabo como a cauda de um cão é sambar. Nada brilha, nada é real, a não ser esta indisposição no estômago.<br />
<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-68132647196434052332014-02-02T17:58:00.001-08:002014-02-02T18:11:51.970-08:00O facebook e o inconseguimento<p dir=ltr>O que é assustador não é o inconseguimento da Assunção Esteves (por amor de deus,  a mulher já é reformada e tudo e já chega o que os pensionistas estão a passar neste país). O que me mete mais medo é o inconseguimento do nosso país,  tudinho expresso,  esse erro gramatical, no sacrossanto facebook. O facebook é um repositório nacional de wannabe ou, falando em português parlamentar, de inconseguimentos. Há o aspirante a crítico de cultura no suplemento do Público ou do Expresso que tem sempre de impingir a sua opinião sobre o último álbum do Bon Iver ou o mais recente filme do Lars Von Trier, que é sempre, sempre bom, ninguém tem culpa que ele seja um incompreendido só porque decidiu meter a Charlotte Gainsburg a fazer fellatios durante duas horas. Há o candidato a dux de qualquer grupeta com putos com acne e cap à Justin Bieber, há o aspirante a Jamie Oliver ou, quanto muito, a Miguel Esteves (o apelido é mera coincidência) Cardoso, que escreve 500 caracteres sobre o pargo ou a punheta de bacalhau, sempre com a Maria João à mistura, e ainda é pago para isso. Há o recruta da literatura, qual Pedro Paixão a despejar postas de pescada sobre o amor e outras coisas que tal, a cheirar o próprio rabo em busca da definitiva metáfora. Há o aspirante a novo rico, que exibe as fotos das férias na neve com os filhos (e a mulher) desdentados e há o desejoso de ser o novo Marcelo Rebelo de Sousa, que salta a parte dos livros e aterra directamente no insulto, defraudado que está na capacidade argumentativa. Há a gordalhufa,  a boazona, a estrábico,  a nariguda,  a anoretica, a mamalhuda, enfim, os monos todos a exibirem-se em poses de rabo esticado e olhares à vaca Cornélia,  porque na verdade são the next top model e há sempre olheiros por aí,  nem que seja o tipo de blazer branco, que as fode todos os sábados na casa de banho do Main.  A nossa presidente da assembleia da república é apenas uma versão socialmente reconhecida de aspirante a qualquer coisa, neste caso ao que ela lá entende como intelectualidade, sendo que é apenas loira, burra e capaz de enfileirar vocábulos de sete sílabas (alguns não existem, mas que se lixe) na peida como outros enfileiram nas filas da segurança social por culpa do seu partido. Nada de mais, nada de menos, Assunção Esteves está apenas na exacta medida da nossa pequenez. <br>
É que afinal falamos muito, mas ninguém vai fazer uma trincheira no largo de São Bento,  certo?</p>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-21835234284598320852014-01-21T16:12:00.000-08:002014-01-21T16:14:05.079-08:00Tanta gente que me odeia!Fui espreitar as estatísticas deste blogue e apercebi-me que no total já por aqui andaram 92 mil visitas... Ui!<br />
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<a href="http://3.bp.blogspot.com/-nl80_4NBrT0/Ut8NRixaIRI/AAAAAAAAE6Q/jzKe23Ziv4E/s1600/364439654_black_love_vs_ge.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-nl80_4NBrT0/Ut8NRixaIRI/AAAAAAAAE6Q/jzKe23Ziv4E/s1600/364439654_black_love_vs_ge.png" height="320" width="320" /></a></div>
<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-59140889978144588462014-01-21T15:37:00.003-08:002014-01-21T16:03:37.023-08:00Carta aberta à neuroseCara Sofia<br />
<a href="http://lifestyle.publico.pt/artigos/324337_ser-mae-e-a-tropa-das-mulheres" target="_blank">A tua crónica foi publicada no P3</a> estava eu a entrar no oitavo mês de gravidez.A quatro semaninhas de parir, hormonas ao saltos, em casa de repouso para o puto engordar. Claro que as minhas amigas, umas queridas, me encheram o feed do Facebook com partilhas do dita testemunho de quem tinha iniciado há pouco tempo as delícias da maternidade e que eu, já se sabe, tinha de ler, para não entrar nessa noite escura sem a devida preparação. Mas, afinal, diziam-me algumas, compensa tudo. Não dormir, não comer, não foder, é tudo compensado pelo sorriso da criança. Mas há, aprendi quando li a tua crónica, um preço a pagar por essa felicidade, um calvário a empreender, uma Paixão de Cristo metafórica a viver, em que somos nós as crucificadas em nome de um bem maior: o sorriso da criança, pois então. Pois, sou louca encartada e não cortei os pulsos quando a acabei de ler. Imagino que se tivesse uma imaginação mais activa ou tendências depressivas sérias, provavelmente tê-lo-ia feito. Primeiro a ti, por comiseração, depois a mim. A crónica era um pouco como o filme Melancolia, de Lars Von Trier: o planeta vem aí, vai embater contra nós e vai tudo acabar, pronto, olha acabou. É que, de acordo com o que escrevias, não é apenas a nossa vida tal como a conhecemos que vai acabar. Não há lugar para ela, percebes? É um luxo do qual se abdica para se ter um filho e isso, isso sim, é um desafio. Qual trabalho, qual quê! Mas, como eu sou do contra, achei ao ler essas linhas que devias estar louca ou ser um bocado histérica, ou estares descontrolada com as hormonas, qualquer coisa assim do género, podia continuar, mas a terminologia situa-se sempre no planeta da descompensação emocional. Ou então querias só atenção (acontece, eu também adoro).<br />
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Pois bem, um mês depois, a minha criança estava cá fora. Veio para casa. Basicamente dormia. Basicamente comia. Basicamente fazia chichi e caganitas. Quando estava com fome e não lhe espetava o biberão na boca, chorava. Uma vez por dia, tinha cólicas, geralmente ao final da tarde, e chorava. Ora bem, o dia tem 24 horas. A criança também tem um pai. Por isso, não me parecia o suficiente para me roubar tanta hora de forma a não me restar nenhuma. Lá lhe dava o biberão de três em três horas como pedia a criança, que com isso não brincava em serviço. O pai dava-lhe o das duas da manhã, eu lá dormia das onze às cinco, seis da manhã e pronto, depois disso mudava a fralda, deitava a criança e dormia até às nove, dez, sem espinhas. Um luxo maior do que quando trabalhava. Horas contadas, tinham sido oito horinhas de sono.<br />
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Durante o dia lia o jornal, assustava-me com os programas da manhã, descobria a CMtv, ia ao Facebook constatar que, mais uma vez, não se passava nada, escrevia uns textos, perguntava-me porque é que o Nuno Graciano nunca tinha sido espancado com um pau, metia a conversa em dia ao telemóvel, papava séries e filmes, jantava fora uma vez com as amigas - o pai podia ganhar a vida como babysitter - e passado um mês e meio ia ao ginásio, ou seja, rapidamente endoideci com tanto tempo livre e lá tive de arranjar uns projectos para passar o tempo.<br />
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Sem saber como, talvez por milagre da multiplicação, os meus dias não eram passados a esterilizar biberões - uma vez por dia bastava, uma panela grande, biberões lá para dentro, água a ferver e já está, não é grande ciência, nem é como se tivessemos de soprar para manter a chama acesa -, nem a lavar roupa bolsada (todos os dias Sofia? Além disso aquilo é tão pequeno que se lava em dois minutos numa bacia no lava-loiças). E, por estranho que pareça, tomei banho, sim, tomei banho todos os dias, e até lavava o cabelo, colocava desodorizante, escovava os dentes, tirava a cera dos ouvidos e (pasme-se!) aplicava creme hidratante, um para o corpo, outro para a cara (o que é ainda mais inacreditável), com tanto vagar como antes só tinha quando estava de férias. O bebé dormia no quarto, o intercomunicador estava ligado, eu no banho e se ele chorasse não iria ser traumático para o seu bem-estar futuro se esperasse dois minutos até eu me limpar e vestir o roupão. Sofiazita (espero que não te importes que te trate assim), a alcofa no chão à porta da casa de banho? A sério? What the fuck?<br />
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O tempo insistia em perdurar. Tomava o pequeno-almoço a ver as noticias (quando é que eu antes fazia isso?), almoçava light para perder o peso a mais rapidamente que não tenho pachorra para esperar e jantava nas calmas com ele na alcofa, a dormir ou a olhar com aquela ar meio alien que eles têm nas primeiras semanas. E não, não andei com roupa bolsada. Primeiro, porque a criança não é muito de bolsar (é mesmo tudo para dentro, ou não nascesse em época de vacas troikadas) e depois porque as fraldas de pano foram feitas para colocarmos ao ombro quando as criancinhas arrotam. Desta forma, não se suja nada. Simples não é? Trocava de roupa todos os dias, com cada vez mais opções porque ia cabendo em cada vez mais peças. E pés descalços pela casa? Pés descalços, Sofia? Os bebés habituam-se ao silêncio como junkies, portanto este desde o primeiro dia que dorme com o barulho normal de uma casa habitada. E sim, saltos altos se for o caso não lhe roubam o sonho. Embalá-lo para dormir? Sua excelência dorme na cama e na alcofa. Não há cá choradeiras quando perde a chucha<br />
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Se há birras de fazer perder a cabeça? Claro que há. É um bebé, não a Carlota Cambalhota. Mas são dias. Ah sim, e há sempre o argumento pois, pois, mas tu não estavas a amamentar. Não, não estava, e se essa foi a causa da minha sanidade, ainda bem que não estavas. E dei graças a Deus - não Deus, mas o equivalente - por não ter dado qualquer crédito àquilo que escrevestes. Essa pode ser a tua experiência, mas quiseste torná-la A Experiência. Neurótica, é verdade, mas com a quantidade de mulheres neuróticas que há para aí, é fácil tornar-se uma seita. Cruz, credo, canhoto!<br />
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-2bnf54yixrY/Ut8K0MG87cI/AAAAAAAAE58/_q7-h1KNb_Y/s1600/woody.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-2bnf54yixrY/Ut8K0MG87cI/AAAAAAAAE58/_q7-h1KNb_Y/s1600/woody.jpg" height="320" width="312" /></a></div>
<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-45061542648593578592014-01-21T13:21:00.002-08:002015-03-03T06:37:07.010-08:00Uma coisa simplesÉ verdade que já andámos à porrada. Já trocámos estalos, pontapés e uns puxões de cabelo, só para aquecer ou para não esquecer. Já nos gratificámos uma à outra com nomes pouco simpáticos, como parva, estúpida, mentirosa e outros mimos assim. Já nos roubámos uma à outra, coisas, cenas, cromos, roupas e merdas das quais já nem nos lembramos. Já disputámos objectos, afectos, afirmações. Já dissemos coisas terríveis, és adoptada, atrasada, convencida, uma tonta. Que já fizemos a outra chorar, espernear, bater a porta, a janela e a loiça ali mesmo à mão de semear. Que já nos abraçámos, consolámos, encontrámos vezes sem conta, progredimos, regredimos, fodemos tudo à nossa volta, retomamos de novo, mão na mão. Que prometemos ficar juntas para sempre. Que almoçávamos todas as semanas e era o trabalho, e o outro, e mais a outra que não descose. Que apanhámos bebedeiras e prantos e gritos e fotografias desfocadas e aturámos os namorados uma da outra com enorme paciência, mesmo quando não os suportávamos. Que falámos mal da mãe e do pai, bem da mãe e do pai e que nunca, mas nunca, ficámos mais de meia dúzia de dias sem nos falarmos. Que jogámos ao elástico, à macaca, ao macaquinho do chinês, à apanhada e mais que houvesse, e dançámos até às tantas, se tantas noites houvesse, haveria tanto que contar e descontar e descoser e desfazer para tecer de novo aquela manta enorme que nos cobre às duas nos dias frios do que vai cá dentro e do que fica longe e do que tarda e do que chega. E há sempre o riso, tonto, tanto, muito mais do que um abrigo. O riso, o som, a palavra, o silêncio. E por tudo isso, sinto que é profundamente injusto estares longe. Só isso.<br />
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<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-39236983552837366802014-01-07T14:42:00.001-08:002015-03-03T06:39:22.818-08:00O filho que não é meu<div dir="ltr">
2013 foi um ano de boa colheita. Not easy lá pelo meio, mas a new child was born. E eu, que nunca achei grande graça a miúdos (ainda não acho, para dizer a verdade, e não consigo dar-lhes atenção mais do que cinco minutos seguidos porque acho sempre que há coisas bem mais interessantes para fazer) acabei apaixonada por este ao primeiro olhar. O meu filho digo - ainda que a palavra filho e a palavra mãe se me enrolem na língua, como vocábulos de um léxico que ainda estou a aprender - quando na verdade não é meu. É triste, mas é verdade e meu ego tem de aprender a viver com isso. É meu para amar, mimar, adormecer, calar o choro, brincar, falar, contar historias e proteger, o que é possivel proteger, porque crescer também é entrar em confronto com o mundo, com os outros, consigo próprio, e de isso ninguém pode proteger, mesmo que alguns tentem como se fosse possível deixar de fazer a terra rodopiar em redor do seu eixo, e lá acabava a vida na terra porque ainda não se inventou forma desta existir sem dia e sem noite. Mas este bebé não é meu. Não é meu para decidir baptiza-lo, para fazer dele sócio do Benfica ou de outro clube qualquer, para lhe criar um perfil no facebook (quanto muito espero que ele me perdoe um dia as fotografias que partilhei dele na minha página), nem para decidir que vai fazer natação, ioga ou outra merda qualquer, nem para assinar em seu nome mensagens de aniversário, nem para decidir se ele vai gostar de mulheres ou de homens quando crescer. É ele, só ele, desde o primeiro choro, ou desde o momento da concepção, desconheço qual dos dois, um enigma que se decifra a cada dia, se houver no olhar essa intenção, porque só deciframos o que queremos decifrar, porque só vemos até onde as nossas crencas e expetativas nos deixam ver, mas que nunca será isento do seu próprio mistério, nunca será um livro aberto, porque ninguém é um livro aberto, muito menos para os pais. Nada disso interessa. Esse é o maior dos desafios. O que interessa unicamente é que ele está aqui e que eu o amo e que rimos os dois e que conversamos numa língua inventada no país dos bebés e que quero olhar todos os dias para ele. Para ele. Não para o 'meu' filho. Esse não existe a não ser na aspiração humana de posse e controlo, que tolda o olhar e o simples ato de amor.<br />
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Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-12875618097988801302014-01-05T13:33:00.001-08:002014-01-05T13:36:28.760-08:00Eusébio e a banalização da morte<p dir=ltr>Morreu o Eusébio. Eu gostava do homem, tanto quanto é que possível gostar de quem não conhecemos. Não sendo adepta de futebol por aí além,  gostava de ouvir o meu avó falar do jogo contra a Coreia. Se calhar por isso é que gostava do homem, mas isso agora não interessa nada.  O que acontece é que o Eusébio morreu e aí estão as televisões nacionais,  que se debruçam,  se agacham para ser mais precisa, sobre a notícia. Noticia é que o Eusébio morreu. Noticia é recordar os marcos da sua carreira. Notícia é a fila que se formou à porta do estádio da Luz, incompreensível que seja para alguns. Notícia não é mandar um jornalista para a porta do estádio de Wembley entrevistar ingleses à força,  fazendo perguntas como 'a morte de Eusébio é uma perda para o futebol mundial, não é?'ou 'os britânicos estão devastados com esta morte, não estão?'  Noticia não é ir a um café em Bruxelas para mostrar como meia dúzia de portugueses a beber a bica sentem a morte de Eusébio.  Notícia não é colocar figuras públicas, que conheciam o homem tanto como eu, a fazer declarações sobre a figura do futebolista. Notícia não é entrevistar duas centenas de pessoas no estádio da Luz (sim, dizem todas a mesma coisa), nem espetar com o microfone no senhor que lhe servia o pequeno almoco. Já muito se falou dos media e da banalização do mal. O problema é que não estamos apenas a falar da banalização do mal. Estamos a falar da banalização da morte e, em última análise,  da banalização da vida.</p>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-61420621459157435332014-01-03T08:37:00.002-08:002014-01-03T08:39:53.581-08:00o senhor agora está muito melhorUm amigo meu é seguido há anos por uma psiquiatra. Ora esse meu amigo tem um problema de falta de auto-estima a nível físico que foi, em parte, o que o levou até às mãos desta credenciada profissional de saúde. Imagine se então a incredulidade face ao diálogo da última consulta:<br />
Psiquiatra (P): vê se logo que você está muito melhor, muito melhor! Fez um implante capilar, não fez?<br />
Doente (D): não... não fiz... deixei simplesmente crescer o cabelo...<br />
P: ah, então você não usava o cabelo rapado porque era careca? Mais grave ainda! Era mesmo uma opção. Mas está a ver como está melhor agora? Está com bom aspecto, está giro...<br />
D: pois, mas isso quer dizer que antes...<br />
P: Antes não estava bem, não. Aquele cabelo não lhe ficava nada bem. Parecia um serial killer. Agora sim, está a chegar a algum lado... não tarda arranja namorada e tudo...<br />
D: Mas a doutora sabe que eu tenho um problema em aceitar-me tal qual sou, trabalhei em imensas sessões com a minha terapeuta para conseguir compreender isso e agora o que a doutora está a dizer-me não ajuda muito. Quer dizer que antes eu era feio, é isso? Que eu tinha motivos para não gostar de mim?<br />
P: só estou a dizer que agora está mais bonito, afinal sou médica mas tenho olhos como as outras pessoas e olha-se para si e vê-se que está melhor. Não tarda já tem alta e nem precisa de voltar cá. Ainda pode ficar melhor, mas não está nada mal, não... é só ganhar mais uns quilos, fazer um pouco de musculação porque você é para o magrinho e a coisa compõe-se... até eu, se não fosse casada, dava uma voltinha consigo, ai dava dava.<br />
<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-15655847596392283202013-12-31T11:23:00.001-08:002013-12-31T11:23:32.003-08:00<p>Resolução para 2014: <u>ir</u></p>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-45050988313910805902013-12-14T14:01:00.001-08:002015-03-03T06:40:35.880-08:00Suor e lágrimasHá muitas coisas que desconhecia sobre bebés. Não sabia que dão tantos puns. Não sabia que ficam vermelhos como tomates quando fazem cocó. Não sabia que apreciam por demais fazer cocó e a refeição em simultâneo. Não sabia que cheiram bem (quer dizer, desconfiava), mesmo nos dias em que não tomam banho e que nunca, mas nunca têm odor a suor, o que significa que se poupa em desodorizante o que se gasta em fraldas e toalhetes. Não sabia que olham para nós como se fossemos o mundo inteiro. Não sabia que se divertiam a deitar aleatoriamente a língua de fora nem que dormiam com os braços no ar e que detestam ser tapados até ao pescoço ou que param de chorar quando se canta o Só Gosto de Ti dos Heróis do Mar com voz de cana rachada ou que nos sorriam de manhã faça sol ou faça chuva e que choram em desespero até entrarmos de novo no quarto, como se nos tivessem perdido para sempre em sessenta segundos. Quero dizer, ainda não sei nada sobre bebés. Sei sobre este bebé que é meu, se meu fosse palavra que podemos dar a um ser humano, a qualquer ser humano. Este que mora cá em casa, que se apoderou de mim antes de dizer olá, só com um choro como frase de engate. E até podem dizer que os bebés são todos iguais. Tretas. Ninguém acredita mesmo nisso. Nenhum ri da mesma maneira, caga da mesma maneira, mete um olho pelo outro com a mesma (assustadora) simetria ou empurra o biberão com a língua e cerra os lábios com a mesma força quando não quer mais. A magia desta cena toda é que este ser minúsculo é único nas suas semelhanças com todos os outros. Agora e sempre, principalmente aos olhos de quem o ama. O amor é o espelho da nossa unicidade. Deve ser por isso que os putos precisam das mães...Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-60027520729071613492013-12-14T04:53:00.001-08:002015-03-03T06:40:46.101-08:00Morrer de saudades<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitIWeou7J5gnyTNx4hqK_T4L0SRIt2zRQw5kzkUbtidUMDgzH78WqXiROJYvDH7db5KW1S22jUzHAkw-AVQsZSGLRAYMI-RFFbdx__A1rWN1RoMhiUPT6noKMGmR8FvryLcXaTtf5isTj5/s1600/2013-12-14-12-52-00.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitIWeou7J5gnyTNx4hqK_T4L0SRIt2zRQw5kzkUbtidUMDgzH78WqXiROJYvDH7db5KW1S22jUzHAkw-AVQsZSGLRAYMI-RFFbdx__A1rWN1RoMhiUPT6noKMGmR8FvryLcXaTtf5isTj5/s400/2013-12-14-12-52-00.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
É quase possível...<br />
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Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-22343678501436523482013-11-20T11:09:00.000-08:002013-11-20T11:47:24.487-08:00Cristiano quem?É pá, o futebol é divertido, aquela coisa e tal de estar ali a torcer por uma das equipas, à espera que marque golo, faz-nos passar hora e meia animados, ou na merda, conforme o número de coxos penda mais para a nossa equipa ou para a equipa adversária. No caso do Suécia-Portugal até houve o bónus do boneco da publicidade da Pepsi sueca, que até é fofinho, e aquilo tinha sentido de humor, negro é verdade, mas sabe-se lá porquê parece que tinham enrabado o homem tal o grau de indignação que se gerou no país e só eu é que ri do voodoo - eu que só bebo coca cola - e que nem sequer resultou. E pronto, estamos no mundial e vamos ter um Verão com mais entretenimento e motivos para enchermos a cara. E pronto, é isto. Não há menos desempregados, menos crianças a passar fome, mais justiça social, o cancro continua a matar, o passos ainda é ministro e o cavaco não caiu da cadeira. Que se criem páginas no facebook com o título "Obrigada Cristiano Ronaldo, estamos no Brasil", que já vai de 50 mil fãs e onde se encontram frases como "quem se emocionou que faça gosto", parece- me um bocadinho, só um bocadinho, exagerado e, já agora, bastante possidonio. Eu da minha parte não tenho nada a agradecer. Por um lado, porque se não fossem (eles, não eu) ao Brasil, a minha vida continuava tal qual está hoje. Por outro, porque o rapaz só fez a sua obrigação. Ninguém agradece a ninguém por fazer bem o seu trabalho - partirmos todos do principio que é a nossa obrigação. Ora o trabalho do rapaz não é meter golos? Ou será que é fazer publicidade a champô para cabelos com caspa, ao volante de um descapotável, a esforçar-se por ler o teleponto, numa dicção que não envergonhe o Camões? Ou posar para os anúncios das novas chuteiras da Nike, enquanto vende equipamento da marca cr7? É que, no caso do Cristiano Ronaldo, às vezes fico um bocado confusa. Mas passa logo, porque não estamos em presença de um homem, mas de uma marca que factura milhões. Nada contra, mas permitam-me a liberdade de nunca esquecer que o Cristiano Ronaldo só dá uns pontapés na bola. E leram bem: a palavra é mesmo 'só'.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-37388244677305011132013-11-15T12:36:00.001-08:002013-11-15T12:36:29.103-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"> <a href="http://lh3.ggpht.com/-QEJudj_sfXQ/UoaFyhsKt4I/AAAAAAAADS4/O1CRVcn8K7s/s1600/ddb87276269d4dfe2d45d85f50706815.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"> <img border="0" src="http://lh3.ggpht.com/-QEJudj_sfXQ/UoaFyhsKt4I/AAAAAAAADS4/O1CRVcn8K7s/s640/ddb87276269d4dfe2d45d85f50706815.jpg"> </a> </div>Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-54865258933467532152013-11-09T08:01:00.001-08:002013-11-09T08:05:57.290-08:00Porque não fiquei chocada com as declarações da Margarida...<p dir=ltr>Honestamente,  nem sequer me consigo sentir moderadamente chocada com os comentários tão badalados da Margarida Rebelo Pinto a propósito do estado da nação.  Para que a opinião de alguém nos afecte, fazendo nascer qualquer tipo de emoção ou de sentimento, do ódio ao amor, da admiração à repugnância, é preciso que  estejamos em presença de um ser humano que reconheçamos estar em pé de igualdade connosco. Se alguém com uma deficiência mental proferir uma afirmação com a qual não concordamos, damos o desconto. Ora, infelizmente, a burrice ainda não é considerada uma deficiência, porém não deixa de o ser, pelo menos no que se refere a dois pontos essenciais: ninguém tem culpa de ser burro e trata-se de uma limitação relativamente à dita normalidade. Porém, não quero ofender os deficientes,  porque a burrice  é,  em tudo o mais, senhora de uma natureza  muito própria,  que curiosamente conduz em muitos casos ao sucesso na sociedade atual. Uma pessoa burra é incapaz de ir além dos pensamentos mais básicos (a prova são os livros da própria margarida, que não poderiam ser escritos caso a sua autora fosse capaz de mergulhar em raciocínios mais profundos, que comportam o exercício do pensamento crítico, a inserção de conceitos, de princípios,  de valores, por ai fora. A come B porque está apaixonado por C, que por sua vez se enrola com D para fazer ciúmes a A, o enredo habitual das suas obras, comprova isso mesmo). Margarida é vítima do facto de ter nascido burra e  é característica dos burros ostentar em com orgulho a sua incapacidade de entender e avaliar o real a não ser na medida exacta em que os incomoda, e os manifestantes incomodam a Margarida. Estamos na presença de quem é incapaz de sair da dimensão do banal, onde se move com terrível à vontade e onde vai buscar os meios para a sua sobrevivência,  graças a todos os outros seres banais ávidos de banalidades que ela serve como ninguém na sua prosa primária. Margarida Rebelo Pinto só consegue pensar e dizer banalidades o que é um facto biologicamente determinado por ter um cérebro deficiente. Quanto muito, devemos ter compaixão da Margarida. Ela não dá para mais. E, curiosamente, é esse o motivo do seu sucesso porque os burros não só se reconhecem de imediato uns aos outros, como ainda têm imenso sentido de grupo (e aí reside o seu maior perigo).</p>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-86331044628701036692013-11-04T17:36:00.001-08:002013-11-04T17:36:51.921-08:00Qual é a linha que separa?<p dir=ltr>Um destes dias dei por mim a cismar nisto,  à falta de algo melhor para fazer: qual é a linha (ya, a linha) que divide uma educação progressista da parte dos pais e uma criança simplesmente mal educada? Que nos coloca perante a saudavel natureza dos mais novos , que exploram o mundo como via para o desenvolvimento da sua criatividade, inteligência e aptidões sociais, e uns vândalos em inicio de carreira,  que gritam, choram, guincham, esperneiam, fogem e destroem, fazendo puré de batata da  palavra não?  Que distancia um ser criado em liberdade de movimentos e de brincadeiras de uma peste encartada capaz de colocar uma dúzia de adultos de rabo para o ar à procura do telemóvel topo de gama que deitou ao chão pela milionésima vez, sob o olhar orgulhoso da mãe que acredita ter ali um atleta olímpico de lançamento do dardo?</p>
<p dir=ltr>Até que ponto a uma criança se aplica a velha máxima 'a minha liberdade termina quando começa a liberdade dos outros'?  Nesse caso,  posso obrigar os outros a levar com a minha criança mal educada ou, conforme o ângulo, com o meu filho extraordinariamente activo, que está entretido a tentar comer as chaves do nosso carro, a trepar para a mesa onde está a nossa comida, a enfiar a mão,  ou o pé,  na nossa chávena, a esmigalhar o nosso bolo e a espalhar as migalhas por cima da nossa roupa?  Honestamente, duas horas depois, que  se lixe a criatividade,  a actividade exploratória,  a liberdade de movimentos,  só quero mesmo é beber o meu café em paz e nisto penso que, se me sai um daqueles na rifa, posso sempre recambia-lo o para um colégio interno, de preferência na Austrália,  para não ter hipóteses de vir a casa pelo natal torturar com a faca do queijo a irmã mais nova. O que não posso nunca é pensar algum dia que os outros têm de achar piada ou ter paciência para aquele tipo de comportamento. Tenho de renegar a crença generalizada de que, porque é criança,  tudo é tolerado.  Mas a verdade é que isso é uma mentira criada a beneficio dos pais, por aqueles que foram ou são pais, para assim poderem impingir as suas pestes aos outros a qualquer horas; mas a cruel verdade é que, tirando a mãe, o pai, os avós, eventualmente uma tia sem filhos e as fundamentalistas da maternidade, o resto das pessoas só sorri em tons esverdeados porque é bem educado: na verdade está a visualizar-se a dar uma boa palmada no rabo do nosso filho.</p>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6111904156541901911.post-40455624690730175172013-10-30T16:34:00.001-07:002013-10-30T16:34:51.260-07:00É<p dir=ltr>Sou tua. Não há muito a fazer sobre o assunto. É como a água de um rio que corre sempre para o mar e, se por acaso não corre, por causa de uma estúpida barragem qualquer que mão humana constrói, quer correr, e, quando houver a mais ínfima fresta, ela rebenta com tudo para cumprir a sua natureza. Ou como quando o telemóvel que, ao se soltar da minha mão, sem pedir licença pelo incómodo, se desmembra no chão, tendo apenas a culpar, não a minha falta de jeito, mas a puta da lei da gravidade. Não há muito a fazer sobre o assunto. É como o ato de inspirar, expirar, inspirar, expirar. Como procurar vir à tona quando mergulhamos ou como quando semicerramos os olhos ao encarar o sol nos olhos e não há olhos que aguentem. Não há escolha minha nesta equação. É imperioso que assim seja e por isso simplesmente é. Não há como não te amar. Não há como não te proteger. Não há como não achar que és o ser mais mágico do mundo. O meu pequeno grande milagre. É assim desde tempos imemoriais: eu sei, como tantas outras antes de mim, que tu és único e, mesmo que só eu saiba isso, isso basta para tu o saberes um dia.</p>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/17995725329665897838noreply@blogger.com1