quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Isabel Jonet e a caridade de tiazoca


Há pessoas a entregar a casa ao banco e sem dinheiro para alimentar decentemente os filhos, a contar os tostões para pagar a luz e a água ou para comprarem os livros escolares e ainda chegam alminhas como a tia boazinha do Banco Alimentar, a senhora Isabel Jonet, com os seus tiques de menina bem, a dizer que não  há miséria em Portugal e que vivemos acima das nossas possibilidades? A senhora alguma vez passou fome? Alguma vez se viu em risco de ficar sem casa? Acaso contou os tostões para pagar a conta do supermercado? Quem é a senhora para dar lições de moral seja a quem for? É que é muito fácil fazer 'caridade' quando não tem de se preocupar em ganhar a vida porque alguém o faz por si, filha de pais com dinheiro como é e com marido que a sustenta. Alguém que pode comer bifes todos os dias como é que tem a arrogância de dizer que os outros não podem? Também é fácil ter cinco filhos quando há dinheiro para empregadas. Qual é o mérito desta senhora que em vez de ser doméstica decidiu ser boazinha sei lá, porque pelos vistos fica bem? Abdicou de algo por acaso? Há algum sacrifício no que faz? É que quem é realmente caridoso são os portugueses que todos os anos fazem doações. Eles são quem de facto sacrifica alguma coisa para dar aos outros - é com o dinheiro deles, e não da senhora Isabel Jonet, que se compram os alimentos para os 'pobrezinhos' dela. Somos nós, que damos, que alimentamos essa sua imagem de boazinha e a arrogância com  que quer dar conselhos ao mundo.

A pobreza, curioso, não a entende. Nem com a alma, nem com o coração, nem sequer com a cabeça.  Mas atenção: esses 'pobres' (que nós ajudamos) são lá o feudo da senhora, um mal inevitável mas que  lhe dá prestígio, um equilíbrio necessário e que até lhe é conveniente porque, caso não houvesse pobres, como haveria ricos? Como existiria ela e o seu estilo de vida? Agora, miséria não, nem pensar, isso não há em Portugal. Precisa de óculos Isabel?

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